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Disputa com teles mostra poder de ministro sobre agência Em vez do presidente da Anatel, foi Paulo Bernardo quem comandou e deu entrevistas sobre a proibição da venda de linhas de celular
JÚLIA BORBA DE BRASÍLIA A proibição de venda de linhas de celular pôs em evidência a ascendência do ministro Paulo Bernardo (Comunicações) sobre a Anatel, que, por lei, é um órgão independente de regulação do setor. Foi Bernardo quem capitaneou a medida inédita tomada pela agência reguladora na semana passada, concedendo entrevistas sobre o assunto e rebatendo críticas das operadoras TIM, Oi e Claro. Dos 5 conselheiros da Anatel, 4 são ligados a Bernardo, incluindo o presidente, João Rezende, que foi seu chefe de gabinete no Ministério do Planejamento no governo Lula. Rezende não concedeu uma única entrevista coletiva sobre a decisão tomada pela agência que comanda, deixando que o ministro se ocupasse de explicar a medida. "A subordinação é explícita e vai contra o espírito do que deveria ser a agência", afirmou à Folha Eduardo Tude, da consultoria Teleco. "O investidor, ao ver um quadro regulatório instável e ingerências, tende a investir menos", complementou. O ministro negou a ingerência. "A agência é autônoma. Discutimos políticas públicas com a Anatel." CONTROLE TOTAL Até o fim do ano, o ministro pode ter o controle total da Anatel. A Folha apurou que ele trabalha para substituir Emília Ribeiro. O mandato dela vence em novembro e, por lei, cabe recondução. Indicada do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Emília é considerada "incômoda" pelo grupo majoritário da Anatel por confrontar a posição dos demais conselheiros. A Folha apurou que o PMDB vai "comprar a briga" para mantê-la no cargo, mas, se sentir que pode perder a vaga para Bernardo, deve indicar Fernando César Mesquita, braço direito de Sarney. Entre as opções do ministro para a Anatel estão Leonis Dall'Agnol, seu atual chefe de gabinete, Genildo Lins, secretário de comunicação eletrônica do ministério, e Victor Cravo, procurador da Anatel, que também trabalhou no ministério. Sobre a troca na Anatel, o ministro disse que a decisão caberá a Dilma e será tomada "no tempo devido". Bernardo tem hoje influência sobre Rezende, Marcelo Bechara, Rodrigo Zerbone (que foi consultor jurídico do ministério) e Jarbas Valente. Emília é o contraponto. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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