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Análise

Mercado argentino perde relevância para o Brasil

JORGE CASTRO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A importância do mercado argentino para os exportadores brasileiros está ficando cada vez mais reduzida.

Nos sete primeiros meses deste ano, a participação da Argentina nas vendas externas totais do Brasil caiu de 8,9% para 7,5%.

Ao mesmo tempo, e como consequência direta disso, cai a importância do Mercosul, que, no contexto do comércio internacional brasileiro, é praticamente sinônimo do mercado argentino.

De janeiro a junho deste ano, as exportações de produtos brasileiros dirigidos ao mercado argentino foram de US$ 10,283 bilhões. É uma queda de 18,4% em relação ao total de vendas registradas no primeiro semestre de 2011.

O ponto crítico dessa redução foi atingido no mês de julho, quando o comércio bilateral caiu em 20,8% e ficou em US$ 2,8 bilhões.

O saldo negativo para a Argentina foi de US$ 157 milhões -o país vem apresentando deficit comercial com o Brasil invariavelmente nos últimos cinco anos, ainda que o montante do saldo negativo tenha caído nos últimos anos.

A economia argentina ficou virtualmente paralisada nos dois meses finais desse período (maio e junho), em consequência da parada que o governo impôs deliberadamente às importações, por meio de medidas administrativas (formais e informais) das autoridades argentinas.

Foi essa contração do intercâmbio bilateral o que permitiu a redução no deficit comercial argentino, que, nos primeiros sete meses do ano, caiu de US$ 2,011 bilhões para US$ 1,631 bilhão.

Desde outubro do ano passado, vigora na Argentina o controle de câmbio e, com ele, o de importações, medida compulsória imposta pelo governo argentino para deter a saída de capitais.

Em outubro de 2011, saíram US$ 3,4 bilhões da Argentina, de acordo com o banco central do país, e entre julho e outubro a queda das reservas cambiais foi de US$ 7,5 bilhões.

É parte da imensa fuga de capitais que vem ocorrendo desde julho de 2007 na Argentina e já atingiu mais de US$ 80 bilhões.

As medidas administrativas impostas pela Argentina para frear as exportações brasileiras não se limitam ao seu principal vizinho no Mercosul, mas têm caráter mais amplo, ao aplicar-se indistintamente a todo o comércio internacional do país.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

JORGE CASTRO é analista internacional e foi secretário de Planejamento Estratégico do governo argentino

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