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Dilma espera que BC não suba juro em 2013

Governo não concorda com visão "fatalista" adotada pelo mercado de que inflação deve crescer no próximo ano

Para Planalto, se for preciso conter consumo para controlar inflação, banco tem mais opções para segurar o crédito

VALDO CRUZ
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

A presidente Dilma espera que o Banco Central não venha a subir a taxa de juros básicos no próximo ano, segundo assessores, ao contrário das previsões do mercado, que apontam para uma taxa de 8,25% ao ano no final de 2013 -hoje ela está em 7,5%.

Segundo assessores presidenciais, o governo não concorda com a visão "fatalista" do mercado, de que a inflação vai subir em 2013.

Mesmo que o BC tenha que adotar ações para conter a inflação no ano que vem, deve primeiro usar mão das chamadas medidas macroprudenciais.

Um exemplo dessas medidas é aumentar as exigências para que os bancos concedam crédito, o que dificulta os empréstimos e, com isso, segura o consumo, diminuindo a pressão sobre os preços.

A avaliação, no entanto, é que a economia mundial

-principalmente Europa e Estados Unidos- continuará com fraco crescimento, o que desestimula a inflação também no Brasil, já que reduz o comércio internacional e não pressiona os preços das commodities.

Há, inclusive, um receio de piora na crise internacional, o que dificultaria cumprir o objetivo de o país crescer acima de 4% em 2013.

Além disso, o governo destaca que adotou e seguirá adotando medidas de redução de custos das empresas e consumidores, como corte nas tarifas de energia, que terão reflexos diretos nos índices de inflação.

Na estratégia presidencial, é fundamental manter taxas de juros baixas para reduzir o custo financeiro no país e mudar a cultura brasileira de ganhos elevados em aplicações financeiras, redirecionando recursos para investimentos produtivos.

Dentro dessa avaliação, o Palácio do Planalto entende que o BC talvez tenha de interromper o processo de queda de juros na reunião de outubro, para diminuir o risco de elevações da taxa no médio prazo.

Na reunião de anteontem, o Copom cortou a taxa Selic, que serve de base para as operações do sistema financeiro, de 8% para 7,5%. Alertou, porém, que, se o cenário futuro permitir novas reduções, elas terão de ser feitas com a "máxima parcimônia".

Apesar da expectativa presidencial de que os juros não voltem a subir tão cedo, um assessor destaca que Dilma não vai correr riscos com a inflação. Segundo ele, a presidente sabe os estragos que a alta de preços pode causar na popularidade do governo.

O pior dos mundos, segundo o auxiliar, seria deixar a inflação subir em 2013 e ter de adotar medidas fortes para contê-la em 2014, no ano da eleição presidencial.

Neste ano, o governo e o mercado estimam uma inflação na casa de 5,2%, acima do centro da meta, de 4,5%. Para 2013, estima-se 5,5% no final do ano, com um pico de 6% no primeiro semestre.

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