 |
 |
|
|
Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Cifras & letras CRÍTICA TECNOLOGIA Ex-funcionários mostram os bastidores de gigantes do setor Com pouca crítica, livros sobre Google e Facebook trazem 'fascínio e adulação'
DE SÃO PAULO Durante anos, eles foram a mosca na parede -como a própria Kate Losse descreve- assistindo ao que ocorria ao redor. E, agora, a funcionária número 51 do Facebook e o funcionário 59 do Google escreveram seus livros sobre as respectivas empresas. Obras longas, até bem escritas, mas que pouco revelam sobre os verdadeiros protagonistas, Mark Zuckerberg, Larry Page e Sergey Brin. Eram ambos corpos estranhos nas corporações, longe dos engenheiros típicos do Vale do Silício. Losse, formada em língua inglesa, escrevia os posts no blog supostamente pessoal de Zuckerberg, entre outras funções. Douglas Edwards, formado em literatura, respondia por posts com a história oficial de Page e Brin e por criar expressões como "Ads by Gooooooogle". Nos livros, balançam entre o fascínio angustiado e a adulação. Não à toa, dois dos episódios de maior proximidade com os protagonistas acontecem, para ambos, em retiros no lago Tahoe, programa corriqueiro para as empresas, não só de tecnologia, da baía de San Francisco. Lançado há dois meses nos EUA, "The Boy Kings" (Os Reis Meninos), apesar do título, fala mais da própria Losse no ambiente algo opressivo do Facebook. Lista episódios de sexismo ao longo de sete anos, com algum sensacionalismo que foi usado para lançar o livro, mas acompanha sobretudo sua vida, suas paixões e suas tristezas. São memórias, antes de mais nada. Entre os dois, é a obra de leitura mais envolvente, quase um romance. Seguidamente, ela contrasta o cotidiano no Facebook, sombrio, com suas viagens ao Brasil, pelo qual declara paixão. Salvador é sua cidade preferida. Gosta também de Florianópolis e do Rio, mas é em São Paulo que Zuckerberg sugere que ambos escrevam um livro sobre o Facebook. É quando ela decide deixar a empresa. PRIMEIROS ANOS Já "Estou com Sorte" é exageradamente simpático a Page e Brin. Suas quase 500 páginas são um relato muitas vezes deslumbrado de como um marqueteiro, com o dobro da idade de ambos, se descobre errado em tudo o que pensa. Os dois protagonistas soam infalíveis nas decisões mais cotidianas, que ele toma por oráculos. Mas o livro faz também uma descrição detalhada daqueles primeiros cinco anos do Google, até 2005. Conta, por exemplo, que o Orkut nasceu fadado ao fracasso, boicotado internamente. Criado por um engenheiro recém-contratado, colocou em risco o próprio IPO (abertura de capital) do Google, meses depois. Mas o lançamento bem-sucedido do Gmail abafou as dificuldades técnicas da ferramenta social -e a abertura de capital acabou sendo bem-sucedida. Edwards deixou o Google em seguida, com milhões no bolso, para se dedicar à família e às artes. Com menos sorte, o que talvez explique em parte a inflexão mais melancólica de seu relato, Losse deixou o Facebook antes do IPO.
THE BOY KINGS
ESTOU COM SORTE |
|
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |
