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Designer defende improviso nos Jogos

Para criador das marcas da Olimpíada e da Paralimpíada do Rio, Fred Gelli, é erro tentar copiar o evento de Londres

Professor diz que Brasil tem mais a ganhar que a Inglaterra e defende foco em cultura e economia criativa

Letícia Moreira/Folhapress
O designer Fred Gelli, 45, com a marca que criou para a Olimpíada do Rio, em seu escritório na Vila Olímpia
O designer Fred Gelli, 45, com a marca que criou para a Olimpíada do Rio, em seu escritório na Vila Olímpia

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Para Fred Gelli, fundador da Tátil Design de Ideias, consultoria responsável por elaborar as marcas da Olimpíada e da Paraolimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, a cidade não pode ceder à tentação de promover Jogos similares aos da edição de Londres.

Professor de design e ecoinovação (inovação com inspiração na natureza) da PUC do Rio de Janeiro e especialista em "branding", Gelli avalia que a cidade fará "uma Olimpíada para se apresentar ao mundo, embora quatro anos não sejam suficientes para ter uma infraestrutura perfeita".

"Serão Jogos diferentes, e precisaremos lidar com nossas fraquezas. Em tempos de transparência, não é mais possível esconder as falhas", diz Gelli, que já prestou serviços para empresas como Coca-Cola, Fiat e Brastemp.

JEITINHO

O criador da marca olímpica deixa claro que não faz "apologia do jeitinho", mas afirma que será preciso lidar com as características brasileiras: "Um pouco de improviso, de fazer do nosso jeito, será inevitável".

O designer crê que o Rio terá transformação maior do que Londres pelo fato de a Olimpíada pela primeira vez ocorrer na América do Sul.

Se a infraestrutura da cidade não é similar à da capital britânica, Gelli também avalia que o Rio de Janeiro tem mais a ganhar com a realização dos Jogos que Londres.

Gelli acredita que o principal conceito para o sucesso da Olimpíada no Rio de Janeiro é adequação.

"A natureza é sábia: pinguim não se transforma em camelo. Da mesma forma, o Rio não vai ser Copenhague. Detesto quando dizem que a cidade precisa ser sustentável como Copenhague é. Temos trajetórias e estruturas diferentes", afirma Gelli.

FAVELAS NO LUGAR

As políticas de remoção de favelas para dar lugar às obras são uma medida à qual o designer se opõe.

"Essas comunidades têm valor, atmosfera especial e atraem visitantes. É preciso melhorar as condições de vida da população local."

Na construção da marca para a Olimpíada, a Tátil se baseou em conceitos ligados ao Rio e à maior competição esportiva mundial: natureza exuberante, diversidade harmônica, energia contagiante e excelência.

Para Gelli, a cidade não tem um "plano de voo que ressoe suas principais potencialidades". Em sua opinião, o Rio deveria focar esforços na área da economia criativa e de expressões culturais.

"Um exemplo de equívoco é a construção das usinas nucleares em Angra dos Reis. Não faz sentido que um lugar tão bonito tenha esse tipo de instalação, destoa de seu potencial", critica Gelli.

Hoje, excepcionalmente, não é publicado o artigo de Luiz Carlos Mendonça de Barros.

AMANHÃ EM MERCADO:
Kátia Abreu

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