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Análise atividade econômica

Modelo adotado pelo governo pode pressionar PIB para baixo

Política pode resolver problema pontual, mas criará dificuldade no futuro

Almeida Rocha/Folhapress
Cerca de 45 mil pessoas foram ao santuário de santa Edwiges, no Sacomã (zona sul); ela é considerada padroeira dos pobres e dos endividados
Cerca de 45 mil pessoas foram ao santuário de santa Edwiges, no Sacomã (zona sul); ela é considerada padroeira dos pobres e dos endividados

OTTO NOGAMI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A nova redução na projeção do comportamento do PIB em 2012 e o aumento nas expectativas da inflação, medida pelo IPCA, retratam o delicado momento pelo qual passa a economia brasileira, reflexo do ambiente econômico global e da estrutura econômica do país.

A seca que assolou áreas de cultivo de commodities agrícolas nos Estados Unidos afetou de forma significativa os mercados, trazendo os preços desses produtos a patamares mais altos.

No Brasil, que também enfrentou períodos de clima desfavorável, essa alta nos preços repercute principalmente sobre a atividade agropastoril, cujo impacto se observa na elevação dos preços dos itens de alimentação.

Como as culturas americanas afetadas são de safra anual, se não houver alta significativa na produção brasileira os preços continuarão a sofrer tendências de alta.

Por outro lado, a manutenção da política cambial de desvalorização do real manterá caros não só os insumos de produção importados, bem como os bens e serviços para suprir o mercado nacional. Diante desse cenário, a expectativa é de um maior distanciamento do IPCA do centro da meta de inflação.

A crise pela qual passam as economias mais maduras começa, pouco a pouco, a repercutir sobre a atividade econômica brasileira.

Como somos altamente dependentes do capital estrangeiro, mais especificamente do investimento estrangeiro no setor produtivo, a persistência da crise externa fará reduzir o fluxo desse capital em direção ao país.

Menor volume de investimentos privados, além de impactar negativamente sobre o PIB, aumentará a defasagem entre o desejo de consumir e a capacidade de produzir, pressionando ainda mais os preços da economia.

Por outro lado, o modelo adotado pelo governo de incentivo ao consumo, via aumento de recursos e de acessibilidade -por meio da redução da taxa de juros e com linhas de empréstimos e de financiamentos-, pode resolver um problema pontual, mas criará um problema de médio e longo prazo.

Esse problema está relacionado a uma questão fundamental: antecipar consumo futuro é ter menos renda disponível no futuro. Consequentemente, menos consumo, o que poderá pressionar ainda mais o PIB para baixo.

OTTO NOGAMI é economista e professor do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa.

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