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Mineradora assume perda de R$ 1,1 bi com royalties

DO RIO

Em mais um capítulo da novela entre governo e Vale sobre o pagamento extra de royalties da mineração, a companhia reconheceu, em seu balanço do terceiro trimestre, uma perda provável de US$ 542 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão).

Segundo a mineradora, os recursos foram provisionados (reservados) pois houve uma "mudança na avaliação da perda associada à dedução dos custos de transporte da receita de vendas", tema que opõe o governo à Vale.

Ao todo, o governo cobra da companhia o pagamento extra de cerca de R$ 4 bilhões. A Vale nega a dívida. A provisão inicial da empresa era de R$ 314 milhões, mas foi ampliada diante da perspectiva maior de uma derrota.

A reserva de recursos para a eventual perda contribuiu para a redução de 58% no lucro da companhia no terceiro trimestre, que ficou em R$ 3,3 bilhões.

O principal efeito, porém, veio da queda dos preços do minério de ferro.

Apesar do cenário ruim, a Vale aposta todas as suas fichas no minério, seu principal produto e responsável por tornar a empresa mundialmente conhecida há décadas.

Segundo Luciano Siani, a Vale firmou sua estratégia no minério e todos os investimentos nessa área estão preservados no Brasil. "O foco da Vale é o minério de ferro no Brasil. É a nossa prioridade", disse.

Entre os grandes projetos de minério de ferro, apenas o de Simandou, na Guiné, não está assegurado em razão do impasse com o governo local. As autoridades querem aumentar tributos e se impor como sócios no corredor logístico (ferrovia e porto) a ser instalado.

SÓCIOS

Já para viabilizar projetos de outras áreas, a Vale busca sócios para empreendimentos de carvão, fertilizantes, cobre e níquel.

Um dos exemplos, diz, é o de potássio (fertilizante) de Rio Colorado, na Argentina, para o qual a mineradora procura um parceiro.

Siani disse que a companhia vive uma fase de caixa mais apertado e precisa fazer ajustes, como cortes de custos e adiamentos de alguns de seus projetos.

"Temos uma companhia ágil que está se adaptando para fazer mais com menos", disse o executivo.

PREÇOS

O ambiente ruim deve perdurar ainda por algum tempo. Segundo José Carlos Martins, diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale, os preços do minério vão seguir com "grande volatilidade", mas devem girar em torno de US$ 115 a tonelada daqui até o fim do ano, mesmo patamar do terceiro trimestre.

O preço chegou ao seu "fosso" no terceiro trimestre a US$ 88 a tonelada, mas registrou uma recuperação ainda dentro desses três meses.

"Ainda que exista grande volatilidade, esse patamar [US$ 115] nos parece como uma média consolidada para o quarto trimestre."

Para o executivo, a atual tendência de "forte volatilidade" das cotações é "natural" diante de um mercado que cada vez mais compra minério de ferro com o preço do spot (à vista, para entrega imediata e com preços diários) da China, maior cliente da Vale.

As vendas com base no mercado spot, diz, já correspondem a 40% do total.

(PS)

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