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PanAmericano precisa receber R$ 600 milhões

Aumento de capital é exigência do Banco Central para que a instituição se mantenha no mercado de crédito

Caixa tenta atrasar a operação devido a pressões internas após investigação das fraudes pela PF

TONI SCIARRETTA
JULIO WIZIACK
FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO

O PanAmericano precisa de um aporte de R$ 600 milhões porque está em um nível considerado "baixíssimo" de capital próprio para manter seu ritmo de concessão de novos financiamentos.

O banco, que pertencia ao apresentador Silvio Santos, quase quebrou no fim de 2010 devido a um esquema de fraudes que o levaram a um rombo de R$ 4,3 bilhões. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar as responsabilidades dos dirigentes, que foram afastados pelos controladores. Hoje, o comando é do BTG Pactual -que comprou a parte de Silvio Santos- e da Caixa Econômica Federal, que tem 36%.

Pelas regras do mercado, uma instituição financeira precisa de, pelo menos, 11% de capital próprio para fazer operações de crédito. O PanAmericano está com 11,99% e, por isso, o Banco Central exige um aporte dos sócios.

Esse aumento de capital teria de ser feito ainda neste ano, mas há um problema.

A Caixa também é alvo da investigação da PF. O que se apura é se ela teria comprado os 36% do PanAmericano ciente do rombo, cedendo a supostas pressões políticas.

O negócio foi fechado em dezembro de 2009 por R$ 740 milhões, um ano antes de o escândalo vir a público.

SAIA JUSTA

Há ainda outra "saia justa". Márcio Percival, que comanda a CaixaPar -empresa criada em 2009 pela Caixa para compra e venda de ativos-, seria amigo de Rafael Palladino, ex-presidente do PanAmericano, já indiciado pela PF sob a acusação de seis crimes.

A Folha apurou que esses fatores dificultam a liberação de um aporte rápido.

Inicialmente, o BC queria que fosse injetado R$ 1 bilhão no banco, mas, diante da repercussão do caso, os atuais dirigentes do PanAmericano optaram por um aumento mais modesto, de R$ 600 milhões. Isso exigiria da Caixa menos de R$ 250 milhões.

O novo presidente do PanAmericano, José Luiz Acar Pedro, disse que o assunto não é tão urgente e é possível esperar mais algum tempo. Mas ele reconheceu que o tema é "olhado a todo o momento". "Não podemos descuidar disso", afirmou.

Para capitalizar o banco, os executivos estudam fazer uma oferta pública de ações no início de 2012. Acredita-se que, até lá, a PF já terá concluído o relatório final das investigações e a Caixa estará livre das atuais pressões internas. Além disso, aposta-se que a crise global vai ceder um pouco no próximo ano.

Apesar da necessidade de enquadramento às exigências de capital próprio, o PanAmericano é considerado uma "máquina de fazer empréstimos" -motivo que justifica a injeção de recursos.

Antes de as fraudes serem descobertas, ele gerava, em média, R$ 80 milhões em negócios por dia, somente com operações de crédito. Agora, são R$ 32 milhões.

Essa habilidade e a aquisição do controle pelo BTG Pactual fizeram as ações do banco subirem 77,3% em 2010, alta suficiente para colocar os papéis de volta ao patamar anterior ao estouro do escândalo. "Já recuperamos tudo", disse Willy Jordan, diretor de Relações com Investidores.

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