São Paulo, sábado, 01 de janeiro de 2011

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Bric vira Brics com ingresso da África do Sul

"Pai" da sigla critica e defende entrada da Coreia

JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O Itamaraty confirmou ontem que a África do Sul se uniu ao grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), incorporando o "S" (de "South Africa") ao acrônimo.
Criada de brincadeira por um economista do mercado financeiro, a sigla ganhou status de aliança diplomática e passou a ser cobiçada por outros países em desenvolvimento. A Coreia do Sul também negocia a entrada.
A economia dos Brics não chega perto do tamanho da dos países desenvolvidos. Juntos, os cinco países têm um PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 17 trilhões. Dos cinco integrantes, a África do Sul tem a menor economia, de US$ 0,5 trilhão.
As riquezas dos países desenvolvidos (Estados Unidos, União Europeia e Japão) somam US$ 32,7 trilhões. Os dados são de 2009, convertidos pelo critério de paridade do poder de compra.
Apesar disso, o crescimento econômico dos países em desenvolvimento confere ao grupo cada vez maior influência política. Prova disso foi o papel do G20 (grupo das 20 economias mais influentes do mundo, desenvolvidas e em desenvolvimento) na discussão da crise mundial.

OUTROS CANDIDATOS
Para Jim O'Neill, o homem que cunhou o termo Bric, Coreia do Sul, Indonésia, México e Turquia seriam candidatos mais fortes do que o colega africano para o grupo.
O economista do banco Goldman Sachs afirmou nesta semana que essas são "economias de crescimento", pois respondem cada uma por cerca de 1% do PIB global. "É difícil ver como a África do Sul se equipara a esses países, e mais ainda aos países do grupo dos Brics", disse O'Neill em e-mail a clientes do banco.
Mas há divergências. O economista Uri Dadush, ex-diretor de comércio internacional do Bird, disse à Folha que prefere ver a África do Sul no grupo.
"Todas as regiões em desenvolvimento estão representadas nos Brics, menos a África. Os desafios de desenvolvimento da África do Sul são mais complexos e interessantes do que da Coreia do Sul, que, como Taiwan, está a caminho de ganhar status de país de alta renda", afirmou Dadush.
Para O'Neill, entrar para os Brics seria "claramente boa notícia para a África do Sul, mas não está inteiramente claro para mim por que os outros membros do grupo deveriam concordar".
Vários analistas dizem que o interesse dos Brics na África do Sul, principalmente o da China, está no acesso facilitado a recursos naturais do continente, especialmente petróleo e minerais, e não em ajudar o desenvolvimento.
Segundo o Itamaraty, foi a África do Sul quem pediu aos integrantes do Bric para participar do grupo, em uma reunião em Nova York, em setembro do ano passado.
Depois de os quatro países aceitarem a adesão, a China fez o convite, por ocupar informalmente a presidência do grupo -que realiza sua próxima cúpula em Pequim em abril.


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