São Paulo, terça-feira, 01 de fevereiro de 2011

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Pactual leva banco de Silvio por R$ 450 mi

Venda do PanAmericano acontece após novo socorro, de R$ 1,5 bi; apresentador deve sair do negócio sem embolsar nada

Valor deve ser usado para pagar parte de empréstimo de R$ 4 bi; Silvio afirma que não venderá mais o SBT

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

O BTG Pactual, o maior banco de investimentos do país, sem tradição de varejo, é o novo dono do PanAmericano, instituição com forte penetração nas classes C e D.
Silvio Santos, controlador do PanAmericano, assinou a venda de sua participação no começo da noite de ontem por R$ 450 milhões, na sede do Pactual, na Faria Lima (zona oeste de São Paulo).
Silvio tinha 37,64% do capital total. A Caixa continua no negócio -em dezembro, comprou 36,56% por R$ 739,27 milhões. O resto das ações está na Bolsa.
Em entrevista após a venda, Silvio disse que não se sentia frustrado: "Não é frustrante, é surpreendente. Os meus negócios são uma forma de diversão e emoção". André Esteves, 41, principal sócio do BTG Pactual, disse em nota à imprensa que "o PanAmericano será uma plataforma independente de distribuição de produtos e crédito para o varejo".
Havia rumores de que o BTG sanearia o PanAmericano para vendê-lo depois. Silvio sai do negócio sem receber nada dos R$ 450 milhões. O valor irá para o Fundo Garantidor de Créditos, entidade privada dos bancos que recebe recursos dos depositantes e que emprestou R$ 4 bilhões ao Pan.
O empréstimo inicial era de R$ 2,5 bilhões. Como o rombo era maior, o fundo decidiu ontem emprestar mais R$ 1,5 bilhão. As causas do rombo são investigadas.
Silvio Santos disse que não tem mais nenhuma dívida com o fundo. O BTG afirmou que receberá o banco sem dívidas. O fundo não explicou quem -e como- pagará os R$ 4 bilhões.
Ele afirmou que não venderá mais nenhuma das suas empresas. "A TV [SBT], que alguém queria comprar, não está mais à venda."
Silvio aceitou o negócio por duas razões, segundo executivos que acompanharam a negociação: 1) aos 80 anos, livrou-se de dívida de R$ 4 bilhões; 2) o BC já não aceitava que continuasse à frente da instituição após a descoberta de que o rombo é de R$ 4 bilhões, e não de R$ 2,5 bilhões.
O fundo também pressionou o apresentador por ter feito um empréstimo em condições excepcionais e recebido em troca garantias que não valiam o que o apresentador dissera, na avaliação de integrantes do fundo, que falaram com a Folha.
Silvio teria dez anos para pagar os R$ 4 bilhões, três anos de carência, inflação mais TR, uma das taxas de juro mais baixas do mercado. A negociação foi tensa, de acordo com executivos. Ontem, às 15h, Silvio anunciou que desistira da negociação. Achava que o BTG estava levando o PanAmericano por um valor irrisório.
Só se convenceu ao saber que a Caixa e o BTG dariam linhas de crédito e que o fundo liberaria mais R$ 1,5 bilhão. Sem essas linhas, o Pan corria o risco de quebrar.


Colaborou MARIANA SCHREIBER, de São Paulo


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