São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2011

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Cai presidente da Telebrás que queria banda larga estatal

Contrário a parceria com teles, Rogério Santanna ficou apenas um ano no cargo; diretor comercial assume posto

Queixas públicas sobre cortes orçamentários sofridos pela empresa estatal teriam sido o estopim da demissão

ELVIRA LOBATO
DO RIO
SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA

O presidente da Telebrás, Rogério Santanna, foi destituído do cargo. Os rumores sobre sua demissão começaram na sexta-feira passada, mas só ontem à tarde ele teve a confirmação do fato pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
Santanna será substituído pelo atual diretor comercial da Telebrás, Caio Bonilha Rodrigues.
O secretário-executivo do ministério, Cezar Alvarez, era cogitado para assumir a presidência da Telebrás, mas acabou mantido no posto.
O ex-presidente Lula teria agido em favor de sua permanência no ministério. Alvarez foi assessor especial de Lula na Presidência da República.
Santanna, que estava na presidência da Telebrás desde maio do ano passado, divergia do governo Dilma Rousseff em relação ao PNBL (Plano Nacional de Banda Larga).
Enquanto Bernardo, por orientação da presidente, negociava a construção da rede de banda larga em parceria com as companhias telefônicas privadas, Santanna insistia no projeto inicial de dar a gestão do PNBL à Telebrás.
Para ele, a estatal deveria não só gerir a rede como oferecer acesso à internet a usuários finais para forçar as teles a reduzir os preços do serviço.

DESGASTE INTERNO
Vários fatores contribuíram para o desgaste de Santanna no governo.
Mas o estopim para a demissão, segundo fontes ligadas ao Ministério das Comunicações, teriam sido suas constantes queixas públicas sobre os cortes orçamentários sofridos pela Telebrás, que inviabilizaram o cumprimento das metas de implantação do PNBL.
As metas previam a inauguração de pontos de acesso à rede nacional de banda larga em cem municípios ainda em 2010, mas, do orçamento anual previsto de R$ 1 bilhão, apenas R$ 50 milhões foram efetivamente liberados.
Até hoje, nenhum município recebeu o atendimento prometido pela Telebrás.
Outro ponto de atrito foi a iniciativa de Santanna de enviar uma carta à Anatel (Agência Nacional de Tele- das frequências da faixa de 450 MGz.
Ele fez isso sem consultar previamente o ministério, a quem era subordinado e que defendia a licitação das frequências para a telefonia rural.
"Certamente devo ter provocado alguma insatisfação em setores que não enxergam no projeto da banda larga um bom projeto", afirmou Santanna ontem, após ser informado pelo ministro Paulo Bernardo de sua demissão.

AÇÃO JUDICIAL
Santanna teve uma relação conflituosa com as teles privadas. Em dezembro do ano passado, o SinditeleBrasil entrou com ação judicial para impedir a Telebrás de ser gestora do PNBL.
Bernardo interveio na crise antes mesmo de assumir a pasta das Comunicações.
Ele telefonou aos presidentes das principais teles e propôs renegociar o plano de metas de telefonia fixa se elas retirassem as ações judiciais, o que foi feito.


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