São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2011

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ANÁLISE CITRICULTURA

Às vésperas do início da colheita, greening volta a preocupar

MAURICIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um ano favorável do ponto de vista climático e de bons tratos culturais dados aos pomares, em razão dos ótimos preços pagos pela caixa de laranja, fará com que o Estado de São Paulo colha a maior safra dos últimos anos.
Além disso, de acordo com a Secretaria de Agricultura de São Paulo, o greening (ou huanglongbing), doença que afeta a citricultura, diminuiu consideravelmente em 2010.
Duas informações que deveriam trazer um ambiente de completo entusiasmo para o setor. Entretanto, a mais danosa das doenças dos cítricos, ao contrário do indicado pelo órgão estadual, não regrediu nos pomares.
O agente causal do greening é uma bactéria chamada Candidatus liberibacter spp, transmitida por um inseto de coloração cinza e manchas escuras, o psilídeo. Ele se instala no floema e o obstrui, impedindo a boa distribuição de nutrientes que deveriam alimentar todos os órgãos das plantas.
Assim, quando contaminadas, plantas novas não chegam a produzir, e plantas adultas tornam-se improdutivas em dois a três anos. Não há métodos curativos para controlar a doença.
O manual técnico da Fundecitrus (www.fundecitrus.com.br) recomenda não manter plantas cítricas com sintomas em seu pomar. A instrução normativa nº 53, do Ministério da Agricultura, determina que as plantas doentes sejam arrancadas.
Atualmente, o inseto vetor é encontrado em todas as regiões citrícolas do Estado de São Paulo, além de Paraná e de Minas Gerais. Hospeda-se em todas as variedades cítricas e também na murta, planta ornamental muito usada em áreas urbanas.
Diferentemente do que os órgãos oficiais estão informando, basta percorrer as estradas vicinais que cortam as principais regiões de produção do Estado de São Paulo para observar que a doença está aumentando. E muito.
Na região de Araraquara, por exemplo, onde ainda está grande parte da citricultura paulista, nota-se uma quantidade impressionante de plantas sintomáticas. Pela lei, elas não deveriam estar lá.
Em contrapartida, os citricultores que acreditam nas indicações da ciência e que há algum tempo seguem os preceitos indicados pelos órgãos oficiais, mesmo em áreas com alto índice da doença, estão conseguindo conter esse mal.
Num setor globalizado e competitivo como o da citricultura, o controle do greening será decisivo para determinar quem permanecerá no setor. Espera-se maior proatividade das autoridades, no que tange à orientação dos produtores e à fiscalização do cumprimento da lei.
Mas, independentemente disso, há muito o que o citricultor pode fazer. Seja ele grande ou pequeno, a solução para esse mal está ao seu alcance.

MAURICIO MENDES é CEO da InformaEconomics FNP, consultor do Grupo de Consultores em Citros e presidente da ABMR&A.


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