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Cartões têm 1º dia sem exclusividade
Empresas donas das maquininhas passam a aceitar mais bandeiras, mas custo para comerciante cai pouco
Entenda o que muda para o lojista, para as donas das máquinas, como Cielo e Redecard, e para os consumidores
CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO
O salão de beleza de Dôra
Ribeiro, 59, é antigo em Belo
Horizonte (MG).
"Estou aqui há 34 anos.
Sou do tempo em que era
possível rejeitar cartões de
crédito", conta.
Mas o cenário mudou muito. Com três maquininhas de
credenciadoras diferentes
-Cielo, Redecard e American Express-, Dôra agora recebe 80% dos pagamentos
em dinheiro de plástico.
A partir de hoje, a cabeleireira poderia reduzir o número de equipamentos, já que
não há mais exclusividade
entre as bandeiras de cartões
e as credenciadoras.
A Redecard passa a aceitar
também o cartão Visa e a Cielo, o MasterCard.
Mas a comerciante mineira diz que vai esperar para tomar qualquer decisão.
"Quero ver exatamente
que taxas consigo renegociar
com as empresas", pondera.
CUSTOS DOS LOJISTAS
As dúvidas também rondam estabelecimentos de outras partes do país.
A Fecomercio SP (federação dos comerciantes paulistas) destaca que o custo mais
pesado para os lojistas, em
relação aos cartões, não está
no aluguel da maquininha
-de R$ 100, em média, por
mês- e sim nas taxas administrativas, cobradas sobre o
valor de cada venda.
"Essas taxas podem chegar a 6%. Metade vai para a
credenciadora e o restante,
para o banco emissor do cartão", diz Fernanda Della Rosa, economista da federação.
A taxa média de administração no setor, argumenta a
Abecs (associação das empresas de cartões), é 3%.
Mas, mesmo assim, é
maior que em outros países.
Segundo o Sincopetro
(sindicato dos postos de
combustíveis paulistas), no
Mercosul, a média é 1%.
Outra discrepância é o
tempo que o lojista leva para
receber o dinheiro das vendas feitas em cartão no Brasil: até um mês.
"No exterior, o prazo não
supera uma semana", diz José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro.
E a situação no Brasil não
deve mudar tão cedo, de
acordo com a própria Abecs.
"A demora acontece porque o consumidor, aqui, tem
até 40 dias sem juros para pagar a fatura. Nos Estados Unidos, os juros são cobrados
dois dias depois da compra",
diz Paulo Caffarelli, presidente da Abecs.
DUOPÓLIO
Com 97% do total das transações em cartão feitas no
país, Cielo e Redecard, juntas, fecharam 2009 com lucro
líquido de R$ 2,9 bilhões.
"É um duopólio. E dificilmente duas empresas já estabelecidas vão gerar uma concorrência que promova a redução de tarifas", diz Luiz
Gustavo Medina, economista
da M2 Investimentos.
Medina acredita que uma
queda de taxas só vai acontecer caso uma terceira empresa entre no mercado com força, com uma proposta de negócios diferente.
"Como ocorreu na aviação, com a Gol. Com bilhetes
virtuais e sem oferecer refeições a bordo, a empresa derrubou as tarifas", completa o
economista.
Já a consultoria AT Kearney aposta que o aumento do
número de companhias no
mercado derrube as taxas administrativas em até 30% nos
próximos cinco anos.
"Mas, de que forma essa
redução seria repassada ao
consumidor final, é preciso
acompanhar para ver," diz o
diretor Ilnort Saldívar.
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