São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

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Retirada a proposta que cria os Correios S.A.

Governo quer evitar tema da privatização

ANDREZA MATAIS
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA

Depois de dois anos de discussão, o governo desistiu de transformar os Correios em sociedade anônima de capital fechado.
A medida provisória (MP) era defendida como a solução para "salvar" a empresa, que teve em 2009 seu pior lucro na era Lula e vive crise com o atraso na entrega de correspondências e a iminência de um apagão postal.
Em 2009, o então ministro das Comunicações, Hélio Costa, que enviou a proposta de MP à Casa Civil, disse que, "se nada fosse feito para modernizar os Correios, a empresa estaria fadada a ser uma carga para o governo".
O Ministério das Comunicações pediu a minuta da MP de volta no mês passado com o argumento de que não daria tempo de implementar a mudança neste governo.
A Folha apurou que o recuo, porém, teve como objetivo minar o discurso da oposição de que a MP possibilitaria a abertura do capital dos Correios preparando a empresa para a privatização.
O ministro José Artur Filardi (Comunicações) admitiu que pesou a questão política. "Estavam dizendo que era para privatizar, para abrir capital, decidi retirar."
Adversário da candidata governista ao Palácio do Planalto, José Serra (PSDB) tem reforçado essa acusação dizendo que, se eleito, vai "fazer dos Correios uma estatal exemplar", numa provocação a Dilma Rousseff.
A minuta da MP foi encaminhada à Casa Civil após recomendação de um grupo de trabalho instituído em 2008 para estudar medidas de modernização dos Correios.
A MP permitiria à estatal ter uma frota aérea própria, o que resolveria um dos principais gargalos, a distribuição de correspondência.
"Só retiraram pela campanha. Se achavam uma boa coisa, por que não seguiram em frente?", disse o deputado Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP).


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