São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2011

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ANÁLISE

Tachando o PSDB de privatista, Dilma não quis modelo durante a campanha

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

O modelo de privatização dos aeroportos aprovado ontem pela presidente Dilma é semelhante ao que a então ministra da Casa Civil descartou durante o governo Lula por ser contra transferir a administração dos aeroportos ao setor privado.
É, também, um modelo que a candidata Dilma não defendeu durante a campanha presidencial. Motivo: destoava da estratégia de sua equipe de colar no PSDB a pecha de privatista, reprise do que havia ocorrido na eleição de 2006.
Durante seu período na Casa Civil e na campanha presidencial, a petista vendeu como "solução" para o caos nos aeroportos brasileiros a abertura de capital da estatal Infraero.
A ideia era fortalecer a estatal responsável pela administração dos aeroportos brasileiros e dotá-la de recursos para bancar a expansão do sistema no país.
A proposta de campanha começou a ser abandonada logo no início do governo, em janeiro, quando Dilma decidiu privatizar a construção de novos terminais nos aeroportos de Guarulhos, de Viracopos e de Brasília.
A ideia, porém, ainda era manter a Infraero como a grande operadora dos aeroportos no país, inclusive dos três cuja privatização foi anunciada anteontem.
A falta de recursos da União e a conclusão de que a Infraero "não dá conta do recado" fizeram Dilma mudar novamente de posição e aprovar a transferência da operação aeroportuária ao setor privado.
Proposta que foi feita pela equipe do ministro Nelson Jobim (Defesa) no governo Lula, mas que Dilma, como chefe da Casa Civil, derrotou, optando na época pelo fortalecimento da Infraero.
A diferença entre os dois modelos é que o de Jobim defendia a privatização pura dos aeroportos, sem a participação da Infraero, enquanto o atual mantém a estatal na sociedade, mas como minoritária.
A presidente quer manter a Infraero com até 49% do capital das unidades privatizadas para garantir à estatal recursos necessários ao financiamento dos aeroportos deficitários.
Esses aeroportos são aqueles que não atraem a iniciativa privada, mas precisam seguir em operação.
Um último passo será abrir o capital da estatal, sua promessa de campanha, o que acredita ser viável por avaliar que os aeroportos privatizados vão gerar mais receita, engordando o caixa da Infraero.


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