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CVM planeja apertar cerco a clubes de investimento
Regra deve limitar número de cotistas
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) prepara uma
nova instrução para aperfeiçoar o funcionamento dos
clubes de investimento -espécie de "condomínio" de investidores da categoria pessoa física, formado para negociar ações com pouco dinheiro na Bolsa.
Diferentemente dos fundos de investimento, os clubes não precisam ter um gestor profissional -a compra
ou a venda de ações pode ser
feita por qualquer membro.
Os clubes também não
precisam fazer assembleia de
cotistas, prestar informações
periódicas, contratar auditores nem fazer marcação a
mercado das cotas.
O problema é que muitas
corretoras passaram a tratar
os clubes como um produto
oferecido aos clientes, mas
sem os cuidados e a regulação da indústria de fundos.
Segundo Otávio Yazbek,
diretor da CVM, a nova regra
deve dar mais informação
para o cotista e evitar que os
clubes virem um fundo de investimento mal gerenciado.
"Aquilo que tinha um regime mais flexível e informal
passou a representar um risco para os investidores. Uma
coisa é não ter assembleia
quando estou cercado por
amigos. Outra coisa é não ter
assembleia quando minha
corretora administra o produto e eu não tenho a mínima ingerência sobre ele",
disse Yazbek.
A CVM colocou o tema em
audiência pública e recebeu
sugestões de diversos participantes. Agora, está compilando as propostas, que serão discutidas pelo colegiado
antes de formatar a nova instrução. A expectativa é que a
nova regra saia entre agosto e
setembro.
LIMITAÇÃO
Uma das propostas discutidas pela CVM é limitar o número de participantes dos
clubes de investimento ao
máximo de 50 pessoas, com
o objetivo de facilitar a participação e o fluxo de comunicação entre os membros.
Hoje, os clubes podem ter
até 150 cotistas.
Outra proposta é criar uma
assembleia simplificada, que
permita que todos os membros possam dar opiniões e
decidir sobre o rumo dos investimentos conjuntos.
Essas assembleias poderiam ser feitas por meio de
ferramentas na internet.
Segundo a BM&F Bovespa, há 3.119 clubes de investimento no país, com um total
de 138.454 cotistas.
Juntos, esses clubes somam um patrimônio líquido
de R$ 12,91 bilhões.
"O mais importante é a valorização do clube como lugar em que o cotista é introduzido ao mercado. Ele tem
de ter informação. A gente
quer valorizar a transparência e os espaços de discussão", disse o diretor da CVM.
Hoje, a Bolsa é quem registra e fiscaliza os clubes de investimento, em conjunto
com a CVM.
O registro do clube é feito
após análise da documentação, providenciada pela corretora de valores.
Vários clubes de investimento reúnem funcionários
de uma mesma empresa e até
estudantes de faculdades.
Pelas regras atuais, um
único participante não pode
ter mais de 40% do total das
cotas. Os clubes precisam investir pelo menos 51% do patrimônio em ações. O restante pode ser aplicado em títulos de renda fixa.
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