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Fantasmas da economia japonesa assombram os EUA
DO "NEW YORK TIMES", EM TÓQUIO
Em 1997, Hiroshi Kato presidia um comitê de assessoria ao governo japonês. O
grupo concluiu que o país,
recuperando-se das bolhas
imobiliária e de ações dos
anos 80, estava pronto para
aumentar o imposto sobre as
vendas de 3% para 5%.
O aumento sufocou a recuperação e deixou o Japão à
beira do colapso financeiro.
"Nossos pecados foram sérios", diz Kato, hoje reitor da
Universidade Kaetsu, de Tóquio. "Espero que o resto do
mundo possa aprender com
o nosso erro."
Em parte devido a esse conhecimento, as autoridades
dos EUA sempre se sentiram
confiantes de que seu país seria capaz de evitar destino semelhante. Mas essa confiança começa a desaparecer.
SEMELHANÇAS
A crescente pressão política nos EUA por cortes nos
gastos federais, acompanhada pela queda na confiança
dos consumidores e nos investimentos das empresas,
levou economistas a preverem uma nova era de austeridade e contenção, semelhante ao que aconteceu duas décadas atrás ao Japão, que se
afundou em deflação.
Os economistas agora voltaram a estudar o Japão a fim
de determinar de que maneira os EUA poderiam escapar
à deflação.
O Japão se manteve aprisionado numa espiral deflacionária a despeito de trilhões de dólares de estímulo,
mais de uma década de taxas
de juro perto de zero e medidas heterodoxas parecidas
com as que Ben Bernanke
(presidente do banco central
dos EUA) agora contempla,
como comprar títulos de empresas e do governo.
EUA e Japão são, no entanto, muito diferentes em termos culturais e políticos, e o
Japão enfrenta diversos problemas particulares, como o
rápido envelhecimento da
população. O país também
mantém as portas fechadas
para a imigração e os trabalhadores jovens e ideias novas que isso poderia trazer.
Há quem advirta que, mesmo assim, os EUA podem escolher a resposta errada, especialmente se as eleições de
meio de mandato presidencial resultarem em um racha
político agudo. "O perigo é
que os Estados Unidos caiam
em paralisia decisória, como
aconteceu no Japão nos anos
90", disse Shumpei Takemori, economista da Universidade Keio, em Tóquio.
Mas a abordagem norte-americana quanto a ajustes
econômicos é a do "tratamento de choque", diz Edward Lincoln, diretor do Centro de Estudos de Economia e
Negócios Japão-Estados Unidos, na Universidade de Nova York, enquanto "o Japão
favorece a estabilidade e a
socialização dos sofrimentos
via grandes empresas".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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