São Paulo, domingo, 03 de abril de 2011

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ANÁLISE

Orelhão ajuda, mas não resolve acesso à telefonia no campo

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

No passado, o rádio amador era a única forma de quem vive no campo se comunicar. Pagava-se muito pelo equipamento e só se podia falar com quem também tivesse o aparelho.
Quase quatro décadas se passaram e o rádio continua sendo a mais difundida forma de comunicação na zona rural. Nesses locais, o governo e as operadoras mal conseguem levar um orelhão.
E essa situação não melhorou com a privatização. Há 12 anos, quem vive na área rural aguarda a chegada do telefone a sua casa.
Durante esse período, sempre se priorizou a universalização do serviço telefônico em áreas urbanas, onde o poder aquisitivo e de consumo é superior.
Para as teles levarem telefonia à área rural, elas teriam de investir pesado sem garantias de retorno.
A Oi, que cobre a maior parte do território nacional, gastará cerca de R$ 800 milhões nos próximos cinco anos para instalar orelhões em sua área de cobertura. A cifra seria de R$ 1,5 bilhão caso não contasse com um bônus decorrente do cumprimento acima das metas definidas entre 2005 e 2010.
As demais concessionárias também tiveram o bônus, mas, além da Oi, só a Embratel terá de fazer desembolsos. Telefônica, CTBC e Sercomtel implantarão com os créditos disponíveis.
A discussão sobre custos e contrapartidas que o governo daria para a implantação da telefonia no campo levou pelo menos seis meses.
Especialistas consultados pela Folha afirmam que, mesmo instalando-se orelhões em postos de saúde e escolas, o problema de acesso à telefonia não será resolvido porque o serviço tem deficiências até em centros urbanos bastante rentáveis.
Uma das concessionárias considera que, em vez de orelhões, poderia ser feito um outro tipo de oferta na zona rural, levando fios telefônicos até determinados pontos (pequenas centrais) e espalhando o sinal pelo ar (tecnologia sem fio).
Segundo essa operadora, o custo seria menor e o acesso poderia ser massificado. Os fornecedores de equipamentos afirmam que soluções tecnológicas para levar a telefonia à zona rural não faltam. Contudo, até 2015, quem morar no campo só terá um orelhão ou o velho rádio amador para falar.


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