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Brasil já se desacelerou, afirma Mantega
Em Xangai, ministro da Fazenda citou redução no consumo e na produção industrial como sinais importantes
Para Mantega, a decisão do Copom de elevar os juros foi baseada em análises "animadas"
do mercado financeiro
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A XANGAI
A uma semana da reunião
do Copom (Comitê de Política Monetária), o ministro da
Fazenda, Guido Mantega,
disse que a economia brasileira já não corre risco de superaquecimento devido a
medidas recentes do governo
e à crise da União Europeia.
Em entrevista coletiva durante encontro de empresários brasileiros e chineses ontem em Xangai, Mantega disse que a economia tem dado
"sinais importantes" de desaceleração.
Para o ministro, o Copom
se baseou em análises "animadas" do mercado financeiro para o recente aumento
dos juros, pelas quais o PIB
do Brasil cresceria até 8%
neste ano.
"Quando o Copom resolveu elevar a taxa de juros, estava olhando o ritmo da economia seis meses adiante.
Ele trabalhou com o pressuposto dessas análises que dizem que a economia está
crescendo 6%, 7%, 8%, principalmente o pessoal do mercado financeiro [que] está
animado, dizendo que a economia está crescendo a taxas
elevadas. Vai ver que eles
querem que a taxa de juros
suba", afirmou.
"Eu não vou avaliar porque não sei quais foram os
critérios que o Copom utilizou para as suas conclusões.
Estou constatando que a economia brasileira já está se desacelerando e aí já temos os
indicadores concretos, não é
mera suposição", completou
Mantega.
Na última reunião, realizada no final de abril, o Copom
elevou a taxa básica de juros
em 0,75 ponto percentual,
com o objetivo de esfriar a
economia e diminuir a pressão inflacionária.
Na época, vários analistas
do mercado consideravam
que o aumento já deveria ter
sido feito antes, para conter o
superaquecimento.
Questionado se o aumento
dos juros poderá desacelerar
a economia mais do que o necessário neste ano, Mantega
disse que "não sou eu quem
tem de fazer [essa avaliação],
vocês perguntem ao Banco
Central".
SINAIS
O ministro da Fazenda
mencionou a desaceleração
no consumo e na produção
industrial como sinais de desaquecimento da economia.
Para Mantega, o país já está voltando para "aquele curso normal e sustentável de
um crescimento de 5,5%, 6%
no final do ano".
Mantega disse que a desaceleração ocorreu devido à
recomposição de tributos, à
retirada de estímulos, ao corte de R$ 10 bilhões nos gastos
do governo e ao aumento do
compulsório dos bancos
-parcela dos depósitos dos
clientes recolhida obrigatoriamente ao BC.
A crise na União Europeia
também contribui para a desaceleração, disse Mantega,
pois provocou a diminuição
na disponibilidade de crédito
para a economia brasileira.
Sobre o crescimento do
PIB no primeiro trimestre,
Mantega ratificou que será
uma "taxa chinesa" e que ficará entre 8% e 10%. "Ninguém quer que a economia
cresça 10%, pelo menos neste momento", afirmou.
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