São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010

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commodities

Energia cara pode levar à importação de metais

Custo do insumo volta a ser fonte de preocupação na indústria brasileira

Devido à falta de investimento, setor de alumínio afirma que o Brasil poderá ter de importar matéria-prima

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

A indústria processadora de metais não ferrosos (alumínio, zinco, níquel e cobre) voltou a enfrentar o drama do crescimento.
A forte expansão da demanda no primeiro quadrimestre deste ano indica não apenas a robustez da recuperação econômica. A aceleração da demanda reacendeu as preocupações com o custo da energia para projetos de expansão. A indústria dos metais ruma para os limites da capacidade de produção.
A consequência é o aumento súbito de importações, o que já começa a ocorrer. Mas, por si só, esse não é o problema central.
O grande temor é o tipo de importação. A previsão é que o Brasil caminhe para a importação de produtos acabados e semiacabados. A avaliação é que existe um risco real de desindustrialização.
"O ponto é o seguinte: ninguém vai importar o alumínio primário. Haverá importação dos perfis prontos, provavelmente da China", adverte Adjarma Azevedo, presidente do conselho diretor da Abal (Associação Brasileira do Alumínio).

Alumínio
O fato é que a indústria do alumínio consome muita energia. Cada quilo de alumínio primário produzido exige 14,9 mil KWh de energia, o equivalente ao consumo médio mensal de 90 casas.
A conta de luz do setor equivale a pelo menos 40% do custo de produção. Esse é o cerne da questão.
Os novos projetos hidrelétricos no Brasil (Jirau, Santo Antônio e Belo Monte) foram viabilizados com oferta de energia ao preço médio de R$ 78 por MWh.
A indústria do alumínio acha caro. "Precisaríamos de uma oferta de energia ao preço de R$ 55 por MWh. Ou temos isso, ou o Brasil vai começar a importar alumínio em escala a partir de 2012 ou 2013", afirma Azevedo.
A produção de alumínio primário neste ano deve atingir 1,22 milhão de toneladas, com crescimento de 21%, o que recupera com sobras a queda de 2009. Para os próximos anos, as estimativas do setor indicam expansão de pelo menos 7%. "Previsão modesta", diz Azevedo.
Hoje, a capacidade total para produção de alumínio primário é de 1,6 milhão de toneladas. Claro, poderia ser bem maior.
O Brasil tem uma capacidade de extração de bauxita (matéria-prima) de 41 milhões de toneladas por ano e de produzir 13 milhões de toneladas de alumina (produto intermediário ao alumínio).
Grandes produtores de alumínio como Rio Tinto, Votorantim e Alcoa estudam expansões fora do Brasil por dificuldade em obter acesso a energia com custo menor do que o atual.


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