São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010 |
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ANÁLISE MINERAÇÃO Novo boom deve incentivar Brasil a negociar mais minérios
PAULO CAMILO VARGAS PENNA ESPECIAL PARA A FOLHA A indústria da mineração brasileira pretende encerrar este ano com valor de produção acima de US$ 30 bilhões, cerca de US$ 6 bilhões a mais do que no ano passado -um recorde absoluto. O resultado advém da forte demanda interna e externa que tem sido suprida em razão do planejamento de longo prazo das mineradoras, que anunciam os maiores volumes de investimento da atividade privada no Brasil para 2010/14. Serão US$ 54 bilhões em investimentos, e há mais a caminho para produzir portfólio de quase cem minerais, com destaque -em produção e em investimento- para ferro, níquel, bauxita, cobre, manganês, zinco, nióbio, mármores e granitos, até agregados para uso na construção civil: brita, areia, saibro e argila. Esse aporte encontra respaldo nos compradores estrangeiros -a China continua sendo a demandante do momento. Além dos tradicionais parceiros comerciais -Argentina, Estados Unidos, Alemanha e Japão-, o Brasil abre espaço em mercados menos tradicionais, como Egito, Hong Kong e Líbia. Nem mesmo as elevações nos preços causadas pela procura acelerada reduzem o apetite pelos minerais brasileiros, que são reconhecidos pela alta qualidade e ofertados a preços competitivos em razão do nível de excelência do parque industrial mineral do país. O reflexo para o Brasil é a maior participação da mineração na composição do saldo da balança comercial, que tem sido expressiva durante anos seguidos, seja em tempos de bonança ou em plena crise. Prova disso é que, em 2006, essa participação foi de 14%; no ano seguinte saltou para 25%; em 2008 foi para 53% e, em 2009, ficou em 50%, um excepcional percentual considerando a retração econômica mundial. Convém ressaltar que esse desempenho decorre de mais um dos ciclos de prosperidade do setor mineral, observado a partir do início deste século. Até então, a mineração vivia estagnada em preços de produtos e, consequentemente, em volume de produção. Como é uma atividade de alto risco e os preços são de livre mercado, a alta demanda externa por minérios justifica o momento de negociar as commodities minerais e gerar divisas para o desenvolvimento do país. Mais ainda porque as elevações de preços estão sendo plenamente absorvidas pelos compradores externos. E, se o Brasil tem minérios para vender na alta, quanto mais melhor. Tanto que o retorno já é notado pelo governo. O minério de ferro foi o principal item exportado pelo país em maio. É a primeira vez que um só item da pauta de exportações supera a cifra de US$ 2 bilhões em receita em um só mês. Há analistas que demonizam a alta dos preços dos insumos minerais por alegados riscos inflacionários ao Brasil. Nada para se alarmar. Do contrário, outros países essencialmente mineradores, como Canadá e Austrália, apresentariam hiperinflação. Não é, nem de longe, o caso. PAULO CAMILO VARGAS PENNA é presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração). Texto Anterior: Níquel e zinco começam ano com produção recorde Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Código ambiental permitirá compensações Índice |
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