São Paulo, sábado, 03 de julho de 2010

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Pão de Açúcar cede em acordo com Casas Bahia

Após 3 meses de negociação, grupo liderado por Abilio Diniz aceita fazer um aporte de R$ 689,8 milhões na nova sociedade

Família Klein também conseguiu melhorar regras do contrato e ganhar poder de veto em decisões cruciais

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Depois de três meses de negociação, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) e a família Klein chegaram a um acordo em relação ao contrato de fusão das operações das redes Ponto Frio e Casas Bahia, anunciado em dezembro.
Cedendo às demandas das Casas Bahia, o Pão de Açúcar concordou em fazer um aporte de R$ 689,8 milhões na nova sociedade, chamada Globex, após reavaliação do valor dos ativos e passivos dos dois grupos.
"Foi uma negociação dura, extensa e desgastante", disse o presidente do GPA, Abilio Diniz, durante teleconferência com analistas.
A família Klein também conseguiu melhorar as regras do acordo de acionistas. Apesar de minoritários na nova sociedade, os Klein ganharam poder de veto em decisões cruciais do conselho, como fusões e aquisições ou aportes de capital que possam vir a diluir suas participações acionárias.
Outra demanda dos Klein atendida está relacionada às regras de saída do negócio. Agora, nenhuma das partes poderá sair antes de 24 meses, a não ser por meio de uma OPA (Oferta Pública de Ações), de ações primárias e secundárias.
No 1º contrato, a GPA só poderia sair após três anos. E os Klein só poderiam começar a vender a partir de um ano, mas no limite de 29% no prazo de quatro anos. O novo acordo estabelece que qualquer das partes poderá fazer a OPA a partir do 11º mês da assinatura do contrato.
O GPA, que entra na sociedade com as rede Ponto Frio e Extra Eletro, mantém o controle do novo negócio, com 53% de participação (ante 51% na primeira versão do acordo). As Casas Bahia ficam com uma participação menor do que na primeira versão do acordo (47%, ante 49%), mas seus ativos agora valem mais.
O aumento foi de R$ 1,290 bilhão para R$ 1,470 bilhão. A diferença se explica pelo critério de análise. Inicialmente, usou-se o critério de valor de mercado. Agora utilizou-se o valor contábil.

"PERFEITO E ACABADO"
Diniz classificou o contrato original de "perfeito e acabado", mas disse que a decisão de concordar com a renegociação -a outra opção era desfazer o acordo- foi acertada. "Perdemos tempo, mas acho que fizemos certo."
Raphael Klein, neto do fundador das Casas Bahia (Samuel Klein) e presidente-executivo da Globex, disse: "Estamos tranquilos com a associação. Perdemos tempo, mas vamos recuperar".
O novo contrato também estabelece novas regras para a Nova.Com, empresa que reúne os sites de e-commerce de Ponto Frio, Casas Bahia e Extra.
A empresa incorporou uma consultoria de tecnologia do GPA, o E-hub, e teve sua estrutura acionária alterada. Antes, o GPA detinha 83%, e as Casas Bahia, 17%. Agora a Globex é que virou o maior acionista, com 50,1%, e o GPA ficou com 43,9%.
"Existe interação muito grande de on-line com lojas físicas e essa nova estrutura acionária é para que não haja conflitos de interesses", disse o presidente do GPA, Enéas Pestana.
A associação com as Casas Bahia torna o GPA a quinta maior empresa do país em faturamento bruto (R$ 40 bilhões). E a maior em número de funcionários: 137 mil, segundo dados divulgados em dezembro. A operação depende da aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
As ações da Globex subiram ontem 12,78%. As do Pão de Açúcar recuaram 0,47%.


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