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Pão de Açúcar cede em acordo com Casas Bahia
Após 3 meses de negociação, grupo liderado por Abilio Diniz aceita fazer um aporte de R$ 689,8 milhões na nova sociedade
Família Klein também conseguiu melhorar
regras do contrato e ganhar poder de veto em decisões cruciais
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO
Depois de três meses de
negociação, o Grupo Pão de
Açúcar (GPA) e a família
Klein chegaram a um acordo
em relação ao contrato de fusão das operações das redes
Ponto Frio e Casas Bahia,
anunciado em dezembro.
Cedendo às demandas das
Casas Bahia, o Pão de Açúcar
concordou em fazer um aporte de R$ 689,8 milhões na nova sociedade, chamada Globex, após reavaliação do valor dos ativos e passivos dos
dois grupos.
"Foi uma negociação dura, extensa e desgastante",
disse o presidente do GPA,
Abilio Diniz, durante teleconferência com analistas.
A família Klein também
conseguiu melhorar as regras do acordo de acionistas.
Apesar de minoritários na
nova sociedade, os Klein ganharam poder de veto em decisões cruciais do conselho,
como fusões e aquisições ou
aportes de capital que possam vir a diluir suas participações acionárias.
Outra demanda dos Klein
atendida está relacionada às
regras de saída do negócio.
Agora, nenhuma das partes
poderá sair antes de 24 meses, a não ser por meio de
uma OPA (Oferta Pública de
Ações), de ações primárias e
secundárias.
No 1º contrato, a GPA só
poderia sair após três anos. E
os Klein só poderiam começar a vender a partir de um
ano, mas no limite de 29% no
prazo de quatro anos. O novo
acordo estabelece que qualquer das partes poderá fazer
a OPA a partir do 11º mês da
assinatura do contrato.
O GPA, que entra na sociedade com as rede Ponto Frio
e Extra Eletro, mantém o controle do novo negócio, com
53% de participação (ante
51% na primeira versão do
acordo). As Casas Bahia ficam com uma participação
menor do que na primeira
versão do acordo (47%, ante
49%), mas seus ativos agora
valem mais.
O aumento foi de R$ 1,290
bilhão para R$ 1,470 bilhão.
A diferença se explica pelo
critério de análise. Inicialmente, usou-se o critério de
valor de mercado. Agora utilizou-se o valor contábil.
"PERFEITO E ACABADO"
Diniz classificou o contrato original de "perfeito e acabado", mas disse que a decisão de concordar com a renegociação -a outra opção era
desfazer o acordo- foi acertada. "Perdemos tempo, mas
acho que fizemos certo."
Raphael Klein, neto do
fundador das Casas Bahia
(Samuel Klein) e presidente-executivo da Globex, disse:
"Estamos tranquilos com a
associação. Perdemos tempo, mas vamos recuperar".
O novo contrato também
estabelece novas regras para
a Nova.Com, empresa que
reúne os sites de e-commerce
de Ponto Frio, Casas Bahia e
Extra.
A empresa incorporou
uma consultoria de tecnologia do GPA, o E-hub, e teve
sua estrutura acionária alterada. Antes, o GPA detinha
83%, e as Casas Bahia, 17%.
Agora a Globex é que virou o
maior acionista, com 50,1%,
e o GPA ficou com 43,9%.
"Existe interação muito
grande de on-line com lojas
físicas e essa nova estrutura
acionária é para que não haja
conflitos de interesses", disse o presidente do GPA,
Enéas Pestana.
A associação com as Casas
Bahia torna o GPA a quinta
maior empresa do país em faturamento bruto (R$ 40 bilhões). E a maior em número
de funcionários: 137 mil, segundo dados divulgados em
dezembro. A operação depende da aprovação do Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica).
As ações da Globex subiram ontem 12,78%. As do Pão
de Açúcar recuaram 0,47%.
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