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Nova regra ameaça paralisar alfândega
Decreto cria confusão nas funções de fiscalização de cargas e bagagens de passageiros pelos funcionários da Receita
Sindicalistas dizem que decreto exclui analistas tributários da função; para Receita, regra reforça o que está em lei
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
A fiscalização de cargas e
bagagens de passageiros em
portos, aeroportos e postos
de fronteiras -as aduanas-
no país está ameaçada de parar nos próximos dias.
Um decreto do governo
criou uma confusão sobre as
atribuições de fiscalização
entre duas categorias de funcionários da Receita Federal:
auditores e analistas tributários. Os auditores têm funções exclusivas de fiscalização e são auxiliados por analistas nesse serviço.
O decreto diz que as atividades de fiscalização terão
que ser "supervisionadas e
executadas" por auditores.
Os analistas, que são cerca
de 7.000, estão interpretando que o texto tira deles qualquer função de fiscalização.
Todos os atos teriam que
ser realizados por auditores,
que são cerca de 12 mil. Mas
nas aduanas a maioria dos
funcionários é analista.
Em algumas, como em Foz
do Iguaçu, a proporção é de
15 analistas para 1 auditor.
Lá, são os analistas que examinam as malas de carros e
ônibus em busca de material
contrabandeado na Tríplice
Fronteira.
Todo o serviço de fiscalização de bagagem de pessoas
físicas nos aeroportos do país
é feito por analistas. Caso
não possam trabalhar, o serviço de fiscalização seria prejudicado e poderia até parar.
O decreto foi publicado em
15 de junho. O sindicato dos
analistas recomendou aos
funcionários que seguissem
trabalhando da mesma maneira porque já há uma lei,
instrumento superior ao decreto, que regulamenta funções da categoria.
A entidade fez uma consulta ao superintendente da
Receita para que se posicionasse sobre o decreto. A consulta não foi respondida.
ATRASO
A Receita informou que o
decreto apenas reforçou o
que está na lei e nega confusão. "Não há uma inovação
legal de atribuições", diz nota enviada à Folha.
Mas na quinta-feira a chefia do porto do Rio de Janeiro
determinou que o decreto
fosse cumprido. Os quatro
analistas do plantão decidiram que não iriam realizar
nenhum trabalho referente a
fiscalização, como verificar
cargas em contêineres. Dois
auditores tiveram que realizar todo o trabalho, e cargas
foram despachadas com
tempo maior que o normal.
De acordo com Sérgio Castro, diretor de relações institucionais do Sindireceita,
que representa os analistas,
já foram relatados casos de
pessoas que se recusaram a
ter carros vistoriados na fronteira por analistas invocando
o decreto. Segundo ele, o decreto está em desacordo com
o que determina a lei.
O presidente do Sindifisco
(dos auditores), Pedro de la
Rue, afirmou que o decreto
está com texto dúbio e deveria ser modificado. Mas, para
ele, não há ameaça de paralisação porque os analistas estão amparados pela lei que já
regulamenta as funções.
"Não vejo risco porque a
lei está acima. O decreto só
confirma o que já está na lei.
Mas talvez precise de um texto melhor", afirmou.
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