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Muito além do vermelho
Venda de esmaltes cresce 34% no primeiro semestre, e embalagens são importadas para saciar demanda
JANAINA LAGE
DO RIO
GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO
Apaixonada por cores, a
arteterapeuta Mônica Araújo, 43, costumava misturar
esmaltes para obter novos
matizes e driblar a monotonia dos tons de rosa, vermelhos e brancos disponíveis.
Desde que a grife francesa
Chanel decidiu apostar no
lançamento de cores fora do
padrão habitual, como o
azul-marinho Blue Satin (em
2008) ou o verde-pistache Jade, o esmalte ganhou força
como acessório de moda,
com o lançamento sucessivo
de mais cores.
Hoje, Araújo tem uma coleção de mais de mil esmaltes
-de todas as cores, com variações cintilantes, foscas,
neon e, a mais recente novidade, holográficas.
Ela compartilha as compras no blog 9ml.com.br,
nome inspirado no volume
disponível em cada embalagem. "Planejo a roupa para a
ocasião e decido qual esmalte usar", afirma Araújo.
Os fabricantes aproveitam
a onda e o mercado vive uma
"febre de esmalte": as vendas cresceram 34,8% no primeiro semestre, de acordo
com a Nielsen, e as empresas
pagam horas extras e compram embalagens no exterior
para dar conta da demanda.
As vendas entre janeiro e
junho somaram R$ 213,5 milhões. Em São Paulo e mais
oito municípios do Estado, a
alta chega a 63%.
"O aumento da renda, impulsionado pela classe C, e a
mudança de hábito das consumidoras explicam o crescimento. O país tem muito potencial de consumo em produtos de higiene e limpeza.
Hoje, uma consumidora chinesa usa mais de 40 tipos de
creme para a face. A brasileira, apenas um", afirma Arthur Oliveira, da Nielsen.
O Brasil é hoje o segundo
maior mercado em vendas de
esmalte, atrás apenas dos
EUA, de acordo com dados
da consultoria Euromonitor.
Desde março, quando chegou ao mercado a coleção
flúor, lançada na São Paulo
Fashion Week, a Impala,
marca da Mundial, tem demanda acima do esperado.
Estendeu o segundo turno
até as 2h e abriu vagas.
FORNECEDORES
"A cadeia de fornecedores
não estava preparada. Agora
a indústria nacional corre para aumentar a disponibilidade de vidros, tampas, e o
mercado está recorrendo a
outros países", afirma Luciana Marsicano, diretora de
marketing da Mundial.
Desde o segundo semestre
do ano passado, a Colorama,
da L'Oréal, compra parte das
embalagens na Índia.
Renata Kameyama, diretora de marketing da Colorama, destaca que, além de novas cores, a empresa investe
na sofisticação do produto,
com o relançamento da linha
única camada, em que não é
preciso aplicar o esmalte
mais de uma vez.
A fábrica da Risqué, em
Taboão da Serra (SP), opera
em três turnos, 24 horas por
dia, para atender a demanda.
A empresa foi comprada em
2008 pela Hypermarcas e espera faturar R$ 282 milhões
neste ano, o dobro do patamar anterior à aquisição.
A diretora-executiva de
planejamento, Gabriela Garcia, destaca o aumento dos
investimentos em publicidade. No ano passado, lançou
uma campanha na TV com a
atriz Mariana Ximenes. "A
expectativa é que a mudança
de hábito da consumidora se
mantenha e que, com o aumento da renda, mais gente
entre no mercado", diz.
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