São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

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Corretoras faturam com pico de estresse

Tesourarias de bancos e investidores focados nas chamadas operações curtas aproveitam para tentar ganhar com alta volatilidade

Número mais elevado de operações em meio à turbulência do mercado dá fôlego aos caixas das corretoras brasileiras

FELIPE VANINI BRUNING
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um dos piores momentos da Bolsa neste ano para muitos investidores também foi o período em que as corretoras aproveitaram para turbinar seu faturamento.
Como as corretoras ganham comissões atreladas ao número de operações feitas, seus negócios foram beneficiados pela forte volatilidade (instabilidade) recente nos preços das ações, especialmente em agosto deste ano.
O incremento de operações desencadeadas após os fortes solavancos dos mercados internacionais deu um fôlego a seus fluxos de caixa.
Por outro lado, confirmou uma tendência gradual de queda de preço das ações, a reboque da crise internacional, que está afastando mais os investidores pessoa física da renda variável.

GANHOS
De acordo com Carlos Fraga, diretor de renda variável da TOV Corretora, o faturamento da empresa em agosto foi 30% maior do que a média dos meses passados.
"Os investidores institucionais, como bancos, que estavam parados nos últimos meses por causa da falta de condições propícias, aproveitaram para estruturar suas operações", afirma Fraga.
"Quando essas ações, negociadas por meio de ordens acionadas automaticamente por computadores, voltam ao seu nível normal, eles desmontam as operações."
Apesar disso, diz Fraga, os ganhos foram efêmeros. "Esses dias de queda muito intensa foram importantes para o nosso negócio."
Segundo ele, o mercado já voltou à dinâmica anterior. "Esse movimento sazonal não configurou uma tendência", afirma Fraga. A perspectiva agora, diz ele, é "de queda gradual e contínua dos mercados".
Segundo Ricardo Binelli, sócio da Petra Corretora, as receitas da empresa aumentaram entre 20% e 30% em agosto passado.
"Houve evolução em termos de movimento, puxada principalmente pelos investidores que usam o 'market timing' (estratégia de comprar e vender ativos em curtos períodos)", afirma.

ESTAGNAÇÃO
"Agosto foi o melhor mês do trimestre, mas isso não chega a melhorar o resultado acumulado do ano", afirma Binelli.
De acordo com ele, no entanto, uma eventual distorção dos preços de alguns ativos pode voltar a atrair investidores.
"Daqui a pouco, os preços ficam mais interessantes e começam a ocorrer distorções. Um exemplo do que pode ocorrer é o preço de mercado de algumas companhias ficar abaixo do fluxo de caixa, entre outras aberrações habituais em períodos de grande incerteza", diz ele.
Para Rodrigo Campos, do banco Fator, as operações de curtíssimo prazo passaram a prevalecer na Bolsa.
"A tendência tem sido de mercado em alta na abertura, mas fechando no negativo. Essa é a característica principal de grandes clientes eletrônicos que apostam no 'intraday' (negócios de compra e venda concluídos no mesmo dia)", diz ele.
"Só vemos investimentos especulativos. Nossa recomendação para os clientes é: não comprem nada."


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