São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2010

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BC dos EUA define hoje ajuda para a economia

Maioria dos economistas, porém, diz que efeito do estímulo é incerto

BC americano deve anunciar hoje compra de algumas centenas de bilhões de dólares em títulos do Tesouro

SEWELL CHAN
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

Está quase certo que o Fed, o BC dos EUA, aja hoje para estimular a hesitante recuperação da economia americana, mas a maioria dos economistas afirma ser improvável que as medidas tenham grande impacto sobre o emprego e o crescimento.
Rejeitando as objeções de um punhado de dissidentes que temem a inflação, o Comitê de Política Monetária do Fed deve retomar a política de relaxamento quantitativo, uma estratégia de aquisição de títulos do Tesouro para colocar pressão sobre as taxas de juros de longo prazo.
A esperança é que novas medidas do Fed tornem menos provável a espiral deflacionária de queda de preços e que facilitem a captação e o consumo por parte de empresas e de consumidores.
Em tese, o Fed poderia imprimir trilhões de dólares para atingir seu objetivo, mas é mais provável que comece com um montante mais baixo -talvez algumas centenas de bilhões de dólares- e adquira mais papéis gradualmente, caso seja necessário.
Essa abordagem condicional e sem limite fixo de intervenção implicaria o abandono do preceito adotado pelo Fed em sua primeira rodada de aquisição de títulos da dívida, no valor de US$ 1,7 trilhão, que durou cerca de 15 meses e terminou em março.
O presidente do Fed, Ben Bernanke, parece não ter ilusões quanto aos efeitos das novas aquisições, tendo declarado em agosto que "os dirigentes de BCs não podem resolver sozinhos os problemas da economia mundial".
Com a inflação bem abaixo da meta extraoficial de 2% que o Fed costuma seguir, o desemprego na casa de 10% e o crescimento do PIB demonstrando crescimento letárgico, Bernanke, evidentemente, concluiu que a inação não é uma escolha aceitável.
Bernanke vem argumentando há muito que um BC, depois de reduzir seus juros de curto prazo a zero, como o Fed fez em dezembro de 2008, continua a dispor de ferramentas para evitar que uma economia entre em deflação e agora está colocando em prática o que prega.
Mas a maioria dos economistas concorda que, não importa a magnitude das ações do Fed hoje, a economia continuará a enfrentar problemas por algum tempo.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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