São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2011

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commodities

Asiáticos investem no nióbio brasileiro

Japoneses e coreanos fazem proposta de US$ 1,8 bi por 15% de mineradora brasileira, afirma "Financial Times"

Competição com chineses por nióbio vem crescendo; Brasil detém 90% das reservas mundiais do metal


DE SÃO PAULO

Investidores japoneses e sul-coreanos fecharam um acordo para comprar 15% da maior produtora de nióbio do mundo, a brasileira CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), segundo reportagem do "Financial Times".
O valor da aquisição, não confirmada oficialmente, é estimado em US$ 1,8 bilhão. A proposta foi apresentada por um consórcio formado por produtores de aço e governo, de acordo com fontes ouvidas pelo "FT".
Entre as empresas envolvidas estão algumas das maiores siderúrgicas japonesas, como Nippon Steel e Sumitomo, a trading Sojitz e a sul-coreana Posco.
O nióbio é um metal utilizado para aumentar a resistência do aço. A competição entre os asiáticos por esse produto aumentou no ano passado, quando a mineradora estatal chinesa East China Exploration comprou o controle da Globe Metals & Mining, australiana com reservas de nióbio na África.
A China é hoje a maior importadora de nióbio do mundo, deixando japoneses e coreanos preocupados com a disponibilidade do metal, o que poderia interromper a fabricação de produtos que levam nióbio em sua composição e nos quais eles se especializaram, como plataformas de petróleo.

TESOURO BRASILEIRO
O Brasil detém aproximadamente 90% das reservas mundiais de nióbio. E a CBMM, empresa com reservas em Araxá (MG), concentra 91% da oferta brasileira, segundo dados do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).
O aço produzido com ferro-nióbio é usado na fabricação de automóveis, obras de infraestrutura (como pontes), plataformas de petróleo, aviões, máquinas fotográficas e lâminas de barbear.
Por aumentar a resistência do aço, a presença de nióbio em um produto siderúrgico ajuda a produzir carros mais leves, por exemplo, e que demandam menos combustível. Por isso, as estimativas apontam para uma demanda crescente pelo material.
Segundo o "Financial Times", o preço do nióbio quase dobrou na última década, para aproximadamente US$ 23 mil por tonelada no ano passado -o que significou maiores ganhos para a CBMM, mas um problema para as siderúrgicas.

WIKILEAKS
No final do ano passado, a elevada concentração das reservas mundiais de nióbio no território nacional ganhou destaque após a revelação, pelo WikiLeaks, da preocupação dos EUA com o metal, considerado estratégico.
Apesar de aproximadamente 90% do nióbio hoje ser usado como liga na produção de aço, o metal também tem grande importância na produção de semicondutores e itens relevantes para a defesa nacional, como mísseis e reatores nucleares.


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