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Acionistas pedem código de conduta para estatais
Código busca definir regras para gestores perante empresa e acionista
Minoritários reclamam que oferta de ações da Petrobras foi feita sem nenhuma assembleia com os investidores
DE SÃO PAULO
O gigantismo do governo
motivou entidades do mercado como Amec (associação
dos minoritários) e IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) a discutir
regras de convívio entre o Estado e os investidores.
A ideia é reunir autoridades do governo em um seminário no início de novembro
para formular um código de
conduta e de procedimentos,
que fomente transparência e
boa governança nas estatais.
O código versará sobre responsabilidade dos gestores
sobre as empresas, prestação
de contas, alinhamento de
interesses entre gestores e
acionistas e até sobre como
as autoridades devem falar
publicamente de assuntos
confidenciais que mexam
com os negócios na Bolsa.
Na capitalização da Petrobras, os minoritários apontaram uma série de conflitos de
interesse, falhas de governança e de transparência, a ponto de o gestor americano Mark Mobius,
da Templeton, ter chamado a
operação de "abominável".
Além do conflito de interesses, há um diagnóstico de
falta de cuidado das autoridades ao lidar com informações relevantes aos investidores. Até hoje, o mercado
não engoliu a forma como o
presidente da ANP (Agência
Nacional de Petróleo), Haroldo Lima, mexeu com a Bolsa
ao dar informações desencontradas sobre as descobertas do pré-sal em 2008 e recentemente sobre a avaliação do barril de petróleo que
desenhava a megaoferta de
ações da Petrobras.
Como outras autoridades,
Haroldo Lima não pode ser
cobrado pela CVM, cujo escopo de regulação se restringe
às empresas e aos agentes do
mercado. Se as declarações
fossem dadas por um executivo de empresa aberta, a
CVM poderia exigir esclarecimentos sob pena de sanção.
"Independentemente do
que ocorreu com a Petrobras,
queremos propor uma agenda positiva. Precisamos colocar parâmetros para ver até
onde vai o interesse público e
se ele é mesmo diferente do
da empresa. É uma questão
pantanosa, mas que precisa
ser explicitada e enfrentada", disse Walter Mendes,
presidente da Amec.
"As estatais não podem ser
loteadas politicamente. Precisam ter conselheiros e gestores que agreguem valor à
companhia e que garantam
que todos os acionistas tenham tratamento igual", disse Heloisa Bedicks, superintendente do IBGC.
GESTÃO RESPONSÁVEL
Uma das reclamações dos
minoritários da Petrobras é
que a oferta de ações saiu
sem uma última assembleia
de acionistas. Nessa assembleia, era esperado que os
gestores da empresa defendessem a sua visão do negócio, independentemente do
interesse dos controladores.
O administrador tem responsabilidade perante todos
os acionistas e pode depois
ser processado se ficar provado que agiu pelo interesse de
um grupo (controlador) em
detrimento de outro.
"O caso da Petrobras foi
desapontador, uma volta para trás. Se a Petrobras aderir a
regras satisfatórias de equidade e de transparência, talvez comece a recuperar parte
da confiança perdida", disse
Pat Tomaino, do fundo britânico F&C.
(TONI SCIARRETTA)
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