São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2011

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ANÁLISE VENDAS

Exportações de açúcar do país recuam em outubro

PLINIO NASTARI
ESPECIAL PARA A FOLHA

As estimativas indicam que a safra de cana na região Centro-Sul deve terminar nas próximas semanas com moagem de cerca de 490 milhões de toneladas (recuo de 12% ante 2010). No Norte-Nordeste, a moagem deve atingir 67,3 milhões de toneladas -mais 6,6% em relação a 2010.
Como reflexo da menor produção no Centro-Sul, o Brasil reduziu as exportações de açúcar em outubro. Foram exportados 2,51 milhões de toneladas -quedas de 10,2% ante setembro e de 16,4% ante outubro de 2010. Das exportações em outubro, 2,05 milhões de toneladas foram de açúcar a granel e 461,85 mil de açúcar em sacas. Assim, em relação a setembro, houve quedas de 11,5% nos caso do açúcar bruto e de 3,7% no do ensacado. Em relação a outubro de 2010, as de açúcar bruto caíram 8,7% e as de ensacado, 39,1%.
No acumulado do ano, há queda de 8,2% -exportação de 21,04 milhões de toneladas, ante 22,93 milhões em igual período de 2010. Os preços médios de exportação permaneceram estáveis. Em média, a tonelada foi exportada na condição livre a bordo por US$ 588,70, ante US$ 589,61 em setembro.
Os principais destinos do açúcar a granel em outubro foram China, Egito e Canadá; para o em sacas, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Gana.
Embora a recuperação dos níveis de produção deva ocorrer ao longo dos próximos dois a três anos, as demandas por etanol e açúcar continuam em expansão desde já. Impulsionada pela demanda maior de China e Índia, a Ásia continua demandando volumes crescentes. Apesar de a frota flex ser crescente, a demanda interna por etanol está sendo mantida em níveis controlados pelos limites da relação de preço etanol-gasolina. A competitividade do etanol tem por base o teto definido pelo preço da gasolina na refinaria mais a Cide. O mercado externo, porém, dá sinal de recuperação já a partir de 2012. O deficit dos EUA deve levar à não renovação do subsídio de US$ 0,45 por galão, e o consequente fim do Imposto de Importação de US$ 0,54 por galão.
Mesmo antes dessa provável liberalização, já se observa avanço do comércio internacional de etanol. O combustível de cana brasileiro, considerado avançado nos EUA para efeito de cumprimento da lei de 2007, que estabeleceu as novas metas do padrão de combustíveis renováveis, pode ser importado sob o regime de drawback, para posterior reexportação, sem recolhimento do Imposto de Importação. O Brasil tem participado de forma inteligente desse mercado, exportando etanol com o benefício de um prêmio por sua renovabilidade superior e importando produto mais barato.
Nesse cenário, a demanda em crescimento para açúcar e etanol, nos mercados interno e externo, tem sido o principal catalisador de investimentos na reforma e na expansão dos canaviais.

PLINIO NASTARI é mestre e doutor em economia agrícola e presidente da Datagro Consultoria.


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