São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

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Hungria diz que pode ser próxima Grécia

Novo governo afirma que situação fiscal é pior que a esperada e avista possível crise semelhante à dos gregos

Porta-voz do premiê húngaro acusa a administração anterior de ter falsificado dados sobre economia do país

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Declarações de políticos da Hungria causaram ontem preocupação no mercado com a possibilidade de o país passar por uma crise semelhante à que atingiu a Grécia.
O vice-presidente do partido de situação Fidesz, Lajos Kosa, disse na quinta-feira que o novo governo, que tomou posse há uma semana, encontrou as finanças públicas em situação pior que a esperada e que havia uma chance pequena de evitar um cenário igual ao grego.
Ontem, Peter Szijjarto, porta-voz do primeiro-ministro Viktor Orban, confirmou que o governo vê problemas na situação fiscal do país.
"Foi o primeiro-ministro [anterior] Ferenc Gyurcsany que falou sobre moratória. [...] Ele estava orgulhoso em dizer que apenas ele poderia salvar a Hungria da moratória pegando um empréstimo do FMI", disse o porta-voz.
"Sob esse ponto de vista, não acho que [os comentários de Kosa] sejam exagerados", completou.
Szijjarto também disse que o governo anterior falsificou dados econômicos.
"Na Grécia, eles também falsificaram dados. Na Grécia, o momento da verdade chegou. A Hungria ainda não chegou lá", disse Szijjarto.
"É exatamente isso o que queremos evitar e esse governo está pronto para evitar o caminho que a Grécia tomou. Após constatar a realidade, não hesitaremos em agir", disse o porta-voz.
A Hungria faz parte da União Europeia, mas, diferentemente da Grécia, não integra a zona do euro.
O novo governo de centro-direita vem afirmando nas últimas semanas que o deficit de 2010 poderá ser muito superior à meta acordada de 3,8% do PIB, culpando "esqueletos fiscais" deixados pelo governo anterior.
O banco central do país informou ontem que o deficit deverá ficar em 4,5% do PIB neste ano.

MERCADO
As declarações dos políticos húngaros não foram bem recebidas pelo mercado.
"O governo está jogando um jogo muito perigoso com a confiança dos investidores", disse Timothy Ash, do Royal Bank of Scotland.
"Pode haver a tentação de falar sobre os riscos de moratória para trabalhar domesticamente expectativas sobre a necessidade de austeridade fiscal, mas isso não cai bem com os investidores."

"EUROBONDS"
Os governos da zona do euro estão considerando a possibilidade de lançar papéis da dívida comuns aos 16 países do grupo (eurobonds), segundo o jornal britânico "The Guardian".
Os papéis ajudariam a tranquilizar os mercados quanto à capacidade de pagamento dos países do bloco e a fortalecer o euro.
A proposta, no entanto, é polêmica, especialmente na Alemanha, que teme perder suas boas condições de crédito no mercado, ao se associar a países com dívidas muito altas.


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