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Governo quer grupo nacional na TV digital
Planalto estimula a participação de empresas nacionais em leilão para construção de torres para a rede pública
Edital está em fase final de elaboração e deve ser enviado para o TCU nos próximos dias; leilão deve ser em novembro
LEILA COIMBRA
LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA
O governo prepara um leilão para a construção da infraestrutura da rede pública
de TV digital, um contrato de
R$ 2,8 bilhões por 20 anos a
ser gerido pela estatal EBC
(Empresa Brasileira de Comunicação). A licitação prevê a construção, pela iniciativa privada, de 256 torres de
transmissão de sinal digital
de TV em todo o país.
E já atraiu a atenção de
grandes multinacionais de
tecnologia, como a americana Cisco, a francesa TDF e a
japonesa Marubeni, que articulam consórcios com construtoras nacionais como Engevix, OAS e Andrade Gutierrez, para as obras civis.
As torres, apesar de públicas, poderão abrigar antenas
de emissoras privadas, sob
pagamento de aluguel.
A preocupação do Palácio
do Planalto é incluir nesses
consórcios empresas nacionais de tecnologia para conter o avanço das gigantes estrangeiras numa área estratégica e fomentar a indústria
nacional de TV digital.
O Brasil adotou um padrão
de TV digital híbrido, baseado no japonês, mas que ainda não possui escala de venda interna e tampouco em
mercados externos que tenham provocado o desenvolvimento do parque industrial
nacional. Sem forças para fazer frente às múltis, a indústria local procura acordos
com a bênção do governo.
Sob coordenação da Casa
Civil, a Marubeni já fechou
pré-acordo com a nacional
Linear, fabricante de transmissores com sede em São
Paulo, mais a Engevix, para
formação de um consórcio.
Outra japonesa, a NHK, também deverá integrar o grupo.
Outra empresa nacional, a
mineira STB (Superior Technologies in Broadcasting),
conversa com os franceses da
TDF e com os executivos
americanos da Cisco. Outras
empresas brasileiras, como a
Telavo e a Tecsys (ambas de
SP), conversam com a italiana Screen Service Technologies e a sueca Ericsson.
A participação de empresas nacionais nos consórcios
é fator primordial para o
acesso ao empréstimo do
BNDES. O chefe de telecomunicações e fontes alternativas da área de infraestrutura
do BNDES, Alan Fischler, explica que a instituição financia apenas a compra de equipamentos nacionais na área
de telecomunicações, e os
consórcios têm interesse nos
recursos do banco.
MODELO
O modelo de empréstimo
para o projeto ainda não foi
definido, segundo Fischler,
mas poderá cobrir em média
70% do valor total.
O edital está em fase final
de elaboração no Ministério
do Planejamento e deve ser
enviado ao Tribunal de Contas da União nos próximos
dias. O objetivo, segundo o
assessor especial da Casa Civil, André Barbosa, é que a
versão final saia até setembro para que o leilão ocorra
em novembro ou dezembro.
O projeto do Operador
Único da Rede Nacional de
TV Pública Digital inclui,
além da EBC, as TVs do Executivo (NBR), do Legislativo
(Câmara e Senado), do Judiciário (TV Justiça) e a TV Brasil, que exibirão seus programas em tecnologia digital.
As 256 torres serão distribuídas em todo o país. A
principal delas, a operadora
nacional de rede, ficará em
Brasília. Haverá outras 48
torres em capitais e cidades
de grande porte. As demais
ficarão em municípios com
cerca de 200 mil habitantes.
FOLHA.com
TV digital no Brasil só
atinge 38 cidades
folha.com.br/me777899
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