São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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Busca por ativo seguro na crise pode trazer riscos para o futuro

Em fase de incertezas, poupadores contrariam a lógica e apostam em ativos supervalorizados

Após vários recordes, ouro é exemplo de investimento arriscado; custo efetivo do metal é metade do preço atual


PAUL SULLIVAN
DO "NEW YORK TIMES"

Com a intensificação dos problemas da dívida na Europa e o rebaixamento na classificação dos títulos norte-americanos, muitos investidores correram para o ouro em busca de refúgio.
Foi o mais recente indicador de que, em momentos de incerteza, os investidores agem de maneira que pode prejudicá-los no longo prazo.
"Fugiram à percepção de risco associada à queda nos preços das ações e caíram no risco certo de ativos supervalorizados", diz G. Scott Clemons, vice-presidente de estratégia de investimento da Brown Brothers Harriman.
As decisões foram tomadas não pela lógica, mas pelo medo de uma repetição de setembro de 2008. E esse medo deve ter se intensificado quando os mercados voltaram a cair na semana passada, levando o preço do ouro acima dos US$ 1,8 mil por onça-troy (31,1 gramas).
Os investidores em ouro formam uma categoria diferenciada. Muitas vezes a paixão deles pelo metal vai além dos retornos. Não se deixarão influenciar por argumentos de que o ouro, flutuando em torno dos US$ 1,8 mil por onça, está supervalorizado.
Mas é hora de pensar de modo prático. Embora o ouro possa ser perdido ou enterrado, não é usado como o petróleo. E seu custo efetivo é de entre um terço e metade da cotação atual.
Dan Denbow, co-diretor do USAA Precious Metals and Minerals Fund, diz que extrair uma onça de ouro custa cerca de US$ 600, mas que o custo total sobe a US$ 1 mil se consideradas todas as demais despesas de mineração.
O maior risco pode estar nos contratos de índices de ouro negociados em bolsa.
Embora permitam que pequenos investidores comprem ouro com facilidade -o preço de uma cota do fundo GLD equivale a um décimo do preço de uma onça-, essa mesma facilidade significa que em caso de pânico os investidores podem vender suas cotas rapidamente.
Nenhum dos entrevistados arrisca um palpite quanto às alturas que o ouro pode atingir antes de encontrar um teto. Mas a maioria enfatiza que as pessoas esquecem que o valor do ouro é determinado por fatores de sentimento.
"O ouro não tem valor intrínseco", disse Larry Elkin, presidente do Palisades Hudson Financial Group.
Em contrapartida, ter ouro na carteira de investimento ainda serve como boa proteção contra oscilações em outros mercados. Segundo Fisher, em 43 anos, até junho de 2011, a alta anual média do ouro, considerada a inflação, foi de 3,8%, ante 4,9% para o índice de ações S&P 500. Mas a volatilidade do ouro foi 28% maior.
A parte difícil será decidir quando retornar a outras aplicações. A melhor forma, em um período incerto, é agir lentamente. "Existem benefícios reais e psicológicos nisso, porque convencer alguém a dar o primeiro passo é o mais difícil", diz Christopher Wolfe, do grupo de investimento do Bank of America.

TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI



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