São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2010

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Shopping ao ar livre é aposta nos EUA

Modelos fechados estão em baixa, devido à recessão, ou passam por reforma que busca torná-los mais atrativos

Dos 1.500 centros de compra construídos desde 2006, apenas um segue o modelo de estrutura fechada

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

Na saída da praia, caminhando dois quarteirões, o turista desatento pode cair no novo shopping de Santa Monica, em Los Angeles, sem se dar conta de que está, de fato, num shopping, já que o local parece continuação natural de uma movimentada rua fechada de comércio.
Desenhado em 1980 por Frank Gehry, o Santa Monica Place passou por mudança radical de US$ 265 milhões pelas mãos de outros arquitetos, que deixaram para trás a imagem de grande caixotão de cimento para fazer um shopping a céu aberto.
A iniciativa representa duas tendências pelas quais os shoppings vêm passando nos EUA nos últimos anos. Se não estiverem fechando as portas, atingidos pela recessão, estão sendo reformados.
E, quando o clima é propício, são transformados em centros ao ar livre, integrados à comunidade.
"Era uma construção fechada, meio velha, cansada. As pessoas queriam algo que não fosse tão opressivo, que fosse prático para entrar e sair", disse Doug Roscoe, gerente do Santa Monica Place, cuja proprietária Macerich é a terceira maior operadora de shoppings dos EUA.
"Shoppings a céu aberto trazem uma experiência mais bacana. Mas, claro, não é a coisa mais apropriada se você estiver no meio do Meio Oeste", afirmou Roscoe.
Hoje, nos EUA, existem 34 mil shoppings com mais de 50 mil metros quadrados -o Eldorado, em São Paulo, tem 74 mil metros quadrados.

MODELO
Desde 2006, 1.500 shoppings foram construídos, sendo que apenas 1 era de estrutura fechada e só 42 são do último ano, afirma o Conselho Internacional de Shopping Centers (CISC).
"A maior parte do crédito e do capital disponível foi usada para reformar propriedades existentes em vez de construir novas", disse Jesse Tron, consultor da CISC. "Isso deve continuar até provavelmente o começo de 2011."
Muitos dos shoppings foram construídos 25 anos atrás em locais então distantes de centros urbanos. "Hoje, novos terrenos são caros e ninguém quer ficar longe da clientela", diz o pesquisador Michael Beyard, do Urban Land Institute.
Uma das opções que vêm ganhando força nas reformas é o shopping a céu aberto.
"Tentam reproduzir aquela atmosfera de rua principal de uma pequena cidade", afirma o professor Emil Pocock, da Eastern Connecticut State University, cujo departamento de estudos ame- ricanos documenta shoppings pelo país.
No sul da Califórnia, centros ao ar livre são onipresentes. Há pelo menos outros três grandes shoppings do gênero em Los Angeles, incluindo o mais recente, Americana At Brand, construído em 2008 unido a um complexo residencial.
Unir escritórios e residências aos espaços comerciais também foi a solução de outro grande relançamento do ano, em Hampton, no Estado de Virgínia, numa reforma que levou três anos e US$ 276 milhões.
Até regiões de tempo instável apostam no outdoor. Em Salt Lake City, em Utah, dois shoppings fechados estão sendo unidos num complexo de residências e um hotel, além do centro comercial com teto de vidro retrátil, tecnologia que os arquitetos responsáveis querem levar para outros shoppings do país.


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