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Emergentes atacam decisão dos EUA
Países criticam pacote de US$ 600 bi e ameaçam se unir para adotar medidas a fim de coibir entrada de capital estrangeiro
Em artigo, presidente
do Fed não cita efeitos
da medida no setor
externo, se restringindo
à economia americana
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O Brasil e vários outros
países emergentes criticaram
ontem a decisão dos EUA de
inundar a economia mundial
com US$ 600 bilhões.
O temor é que o programa
de compra de títulos da dívida americana, anunciado anteontem pelo Fed (o banco
central americano), provoque um grande fluxo de dinheiro para fora dos EUA.
Essa irrigação de dólares
pode valorizar as moedas dos
países emergentes -o que levaria à perda de competitividade dessas economias.
Do Brasil aos asiáticos,
passando pelos europeus, diversos governos ameaçam
tomar medidas para controlar a entrada de capital estrangeiro.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, "essa política de jogar dinheiro pelo
avião só vai servir pra desvalorizar o câmbio e poderá gerar bolha nos países que estão comprando dólar".
A ameaça mais contundente veio do governo tailandês, que disse que o BC local
já está conversando com colegas da região, que estariam
prontos para tomar medidas
para coibir a entrada de capital especulativo.
Na China, um assessor do
banco central local disse que
o surgimento de mais uma
crise será "inevitável" se os
países continuarem a imprimir moeda "sem limite".
A Coreia do Sul, um dos raros países que, ao lado do
Brasil, agiram para conter o
fluxo de capital estrangeiro,
disse que estuda mais medidas de controle de capital.
O país, por sinal, será a sede da reunião de chefes de
Estado do G20 na semana
que vem, que dever ser dominada pela guerra cambial.
Já a Turquia, que elevou
suas reservas para o maior
nível histórico para conter a
alta cambial, disse que a decisão norte-americana foi tomada em "um ambiente desesperado" e pode ser "um tiro pela culatra".
Apesar das reclamações,
as grandes Bolsas globais decolaram com o plano do Fed,
e as principais moedas se valorizaram ante o dólar.
DESENVOLVIDOS
As críticas, porém, não ficaram restritas somente aos
emergentes. Alguns dos
grandes europeus, como a
Alemanha, também não esconderam sua preocupação.
Para a ministra francesa
Christine Lagarde, a reação
dos países emergentes à medida do Fed "confirma a necessidade imperativa de criar
ferramentas para acalmar o
sistema monetário".
Nos EUA, a principal manifestação ontem apareceu
em um artigo do presidente
do Fed, Ben Bernanke, no
jornal "The Washington
Post". O texto chama a atenção pelo que deixa de dizer:
Bernanke explicou a decisão
sem fazer nenhuma referência ao efeito fora dos EUA.
No artigo, ele classificou
"como fortes e criativas" as
medidas tomadas pelo Fed
desde 2008 para ajudar a estabilizar a economia e o sistema financeiro.
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