São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2010

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Dólar barato reduz produção industrial

Com importações em alta, muitos ramos da indústria puseram o pé no freio no terceiro trimestre, segundo o IBGE

Na média, produção entre julho e setembro caiu 0,5% ante período anterior; para analistas, PIB teve desaceleração

PEDRO SOARES
DO RIO

Sob impacto da desvalorização do dólar e da consequente alta das importações, muitos ramos da indústria frearam a produção no terceiro trimestre, que, na média, caiu 0,5% ante os três meses anteriores, segundo dados do IBGE.
O fraco desempenho provocou a desaceleração do PIB no período de julho a setembro, estimam analistas.
Em setembro, a indústria repetiu o resultado de agosto e caiu 0,2% na comparação livre de efeitos sazonais.
Em relação a setembro de 2009, houve alta de 6,3% -a menor variação positiva desde que o setor começou a sair da crise, em novembro do ano passado.
Tal cenário de contração da indústria, dizem analistas, é reflexo do câmbio, da base elevada de comparação com o segundo semestre de 2009 (turbinado pelo pós-crise) e de um ajuste de estoques de alguns ramos -como o automotivo.
"As maiores importações explicam, em parte, o comportamento mais moderado da indústria", disse André Braz, gerente da pesquisa de indústria do IBGE, citando também os outros fatores.

PIB DESACELERA
Com o dólar em baixa, ficou mais barato importar principalmente máquinas e equipamentos e insumos para fabricar produtos finais.
Isso explica, por exemplo, as quedas de 2,6% na produção de bens de capital de agosto para setembro e de 0,5% de bens intermediários.
"A desindustrialização é um processo lento e começa com o aumento do componente importado dos produtos finais. Essa é a estratégia adotada por quase toda a indústria para reduzir custos e enfrentar a maior concorrência de bens de consumo importados", diz Thais Marzola Zara, economista da Rosenberg & Associados.
Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, o câmbio e o acúmulo de estoques explicam o descompasso entre o cenário de forte crescimento do consumo e o de acomodação da indústria.
Diante do desempenho da indústria, Bicalho prevê desaceleração do PIB, que deve ter crescido 0,3% do segundo para o terceiro trimestre -entre abril e junho, a expansão havia sido de 1,2%.
Já para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o câmbio é fator determinante para o fraco desempenho da indústria por ampliar importações e restringir exportações industriais brasileiras.


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