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Dólar barato reduz produção industrial
Com importações em alta, muitos ramos da indústria puseram o pé no freio no terceiro trimestre, segundo o IBGE
Na média, produção entre julho e setembro caiu 0,5% ante período anterior; para analistas, PIB teve desaceleração
PEDRO SOARES
DO RIO
Sob impacto da desvalorização do dólar e da consequente alta das importações,
muitos ramos da indústria
frearam a produção no terceiro trimestre, que, na média, caiu 0,5% ante os três
meses anteriores, segundo
dados do IBGE.
O fraco desempenho provocou a desaceleração do
PIB no período de julho a setembro, estimam analistas.
Em setembro, a indústria
repetiu o resultado de agosto
e caiu 0,2% na comparação
livre de efeitos sazonais.
Em relação a setembro de
2009, houve alta de 6,3% -a
menor variação positiva desde que o setor começou a sair
da crise, em novembro do
ano passado.
Tal cenário de contração
da indústria, dizem analistas, é reflexo do câmbio, da
base elevada de comparação
com o segundo semestre de
2009 (turbinado pelo pós-crise) e de um ajuste de estoques de alguns ramos -como o automotivo.
"As maiores importações
explicam, em parte, o comportamento mais moderado
da indústria", disse André
Braz, gerente da pesquisa de
indústria do IBGE, citando
também os outros fatores.
PIB DESACELERA
Com o dólar em baixa, ficou mais barato importar
principalmente máquinas e
equipamentos e insumos para fabricar produtos finais.
Isso explica, por exemplo,
as quedas de 2,6% na produção de bens de capital de
agosto para setembro e de
0,5% de bens intermediários.
"A desindustrialização é
um processo lento e começa
com o aumento do componente importado dos produtos finais. Essa é a estratégia
adotada por quase toda a indústria para reduzir custos e
enfrentar a maior concorrência de bens de consumo importados", diz Thais Marzola
Zara, economista da Rosenberg & Associados.
Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, o
câmbio e o acúmulo de estoques explicam o descompasso entre o cenário de forte
crescimento do consumo e o
de acomodação da indústria.
Diante do desempenho da
indústria, Bicalho prevê desaceleração do PIB, que deve
ter crescido 0,3% do segundo
para o terceiro trimestre
-entre abril e junho, a expansão havia sido de 1,2%.
Já para o Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o câmbio
é fator determinante para o
fraco desempenho da indústria por ampliar importações
e restringir exportações industriais brasileiras.
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