São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2010

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SP perde peso no lançamento de imóveis

Capital paulista responde por menos da metade das moradias postas à venda neste ano na região metropolitana

Fatia ultrapassava 80% em 2004, com redução desde então devido à escassez de terrenos e Minha Casa, Minha Vida

Alessandro Shinoda/Folhapress
Obras da construtora MRV em São Bernardo do Campo

TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO

Depois de dominar os lançamentos de imóveis residenciais na região metropolitana até meados desta década, a capital paulista vem perdendo espaço e respondeu por menos da metade (49,9%) das moradias postas à venda neste ano.
Segundo levantamento do Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo feito a pedido da Folha, a participação era de 57,6% em 2009, considerando também o período de janeiro a agosto, o dado mais recente.
Essa fatia chegava a 83,9% em 2004, quando a pesquisa da entidade passou a ser feita com a nova metodologia.
Entre as explicações para esse espraiamento estão a escassez de terrenos e o Minha Casa, Minha Vida, cujos imóveis podem custar no máximo R$ 130 mil para se enquadrarem no programa federal.
Entre os outros 38 municípios que compõem a Grande São Paulo, destacaram-se neste ano os lançamentos em Guarulhos, Barueri (incluindo Alphaville e Tamboré), São Bernardo do Campo, Santo André, Carapicuíba e Diadema (veja quadro).
Sobre a crítica recorrente do Secovi em relação à dificuldade na aprovação de projetos pela Prefeitura de São Paulo, o secretário municipal de Habitação, Ricardo Pereira Leite, destaca que há muitas secretarias envolvidas, como transportes, meio ambiente e desenvolvimento urbano.

COMPLEXIDADE
"Essa complexidade é da cidade e tem um viés qualitativo, respeitando mais todos os aspectos. Com certeza fica menos célere, mas estamos procurando melhorar o processo de análise", diz.
O presidente do Secovi-SP, João Crestana, rebate lembrando que "a agilidade é importante não só para construtoras, mas também para consumidores". "Há mais exigências para aprovar, mas também mais ferramentas para agilizar esse processo."
A secretaria informou que os projetos de novos imóveis aprovados neste ano estão disponíveis para consulta pública, mas os interessados em saber o total devem contar um por um.
"É difícil crescer ficando num só lugar. Ofertar mais implica sair de São Paulo. Se você não for, alguém vai", avalia Sergio Paulo dos Anjos, diretor da MRV. "[O problema na capital] é crítico, mas outras grandes cidades, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, passam por situações parecidas", completa.
Segundo Crestana, está difícil até encontrar áreas que abrigam estacionamentos para negociar. "Temos que comprar 20 casinhas para "formar" um terreno."
Rubens Junior, diretor da Rossi, acrescenta ainda que, "se fosse só achar o terreno, seria fácil. Temos que superar muitos problemas jurídicos e ambientais".
Na opinião do executivo, encontrar áreas compatíveis com o Minha Casa, Minha Vida em São Paulo "é quase impossível". O efeito disso é que "cidades às quais eventualmente não iríamos se tornaram mais atraentes".

DIVERSIFICAÇÃO
A diversificação de oportunidade de negócios é apontada por Sandro Gamba, diretor da Gafisa, como uma necessidade para competir no mercado. "Tendo várias frentes de trabalho, podemos lançar simultaneamente vários empreendimentos."
Em vendas, o acompanhamento em toda a região metropolitana só começou a ser feito neste ano, período no qual a capital respondeu por 52,3% dos imóveis comercializados, patamar em linha com o de lançamentos.


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