São Paulo, quinta-feira, 06 de janeiro de 2011

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Preço mundial de alimentos é recorde

Índice da ONU que monitora produtos como trigo e arroz supera pico de 2008 e atinge marca mais alta desde 1990

Problemas nas safras devido ao clima ruim geram alta; 2011 deve ter recorde no custo de importação de alimento


Dusan Vranic - 24.jun.10/Associated Press
Trabalhadores em plantação de trigo na região de Cabul, Afeganistão; FAO aponta alta inédita no preço de alimentos, que atinge produtos como trigo

JAVIER BLAS
DO "FINANCIAL TIMES"

Os preços dos alimentos estabeleceram um recorde no mês passado, superando os níveis registrados durante a crise de 2007/2008, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação).
A organização informou que a alta não constitui uma crise. Mas Abdolreza Abbassian, economista sênior da FAO, reconhece que a situação é "alarmante" e que "seria tolo presumir que já tenhamos chegado ao pico".
O salto de preços reforça os temores de uma repetição da crise passada.
No entanto, até o momento os países pobres não viram repetição dos tumultos causados por escassez de alimentos que abalaram nações como Haiti e Bangladesh dois anos atrás.
O aumento nos custos dos alimentos também pode afetar os países desenvolvidos, com empresas como a rede McDonald's e a fabricante de alimentos Kraft elevando seus preços de varejo.
Os preços da comida também afetam a inflação geral, que está acima das metas dos bancos centrais europeus.
A FAO disse que seu índice de alimentos, que acompanha os preços de commodities como trigo, milho, arroz, oleaginosas, laticínios, açúcar e carne, subiu para 214,7 pontos em dezembro, alta de quase 4,2% ante novembro.
O índice está em sua marca mais alta desde que começou a ser calculado, em 1990. Na crise de 2007/2008, atingiu um pico de 213,5 pontos, em junho de 2008.

ARROZ E TRIGO
A FAO extrai algum conforto da relativa estabilidade nos preços do arroz -alimento básico de 3 bilhões de moradores de Ásia e África.
No entanto, o preço de outro alimento essencial, o trigo, está subindo rápido, devido às safras baixas.
"Arroz e trigo são, da perspectiva da segurança alimentar mundial, as commodities agrícolas críticas, e não açúcar, sementes oleaginosas ou carne", disse Abbassian.
Os custos cada vez mais altos do açúcar -cujo preço recentemente atingiu a mais alta marca em 30 anos-, das sementes oleaginosas e da carne são o motivo principal para a alta no índice da FAO.
A alta nos preços das commodities torna provável que o custo mundial das importações de alimentos atinja um recorde em 2011, depois de superar US$ 1 trilhão no ano passado pela segunda vez.
Em novembro, a FAO elevou sua projeção para 2010 a US$ 1,026 trilhão, quase 15% acima do total de 2009 e bem perto do recorde de US$ 1,031 trilhão estabelecido em 2008, durante a crise.
Os preços das commodities agrícolas dispararam depois de uma série de problemas de safra causados pelo clima desfavorável. A situação se agravou quando grandes produtores como Rússia e Ucrânia impuseram restrições às exportações.
A fraqueza do dólar, moeda usada no comércio da maioria das commodities, também contribuiu para os preços mais elevados.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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