São Paulo, sexta-feira, 06 de maio de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE ENERGIA

Bioenergia traz um novo cenário de inovação e tecnologia

JOSÉ CARLOS GRUBISICH
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil iniciou a safra de cana-de-açúcar em abril e possui hoje mais de 430 unidades produtivas espalhadas por 22 Estados, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
A história de sucesso que assistimos hoje reflete o processo de amadurecimento e de evolução vividos por esse setor nos últimos anos e a crescente demanda mundial por combustíveis limpos e renováveis.
O grande desafio das empresas de bioenergia é elevar sua competitividade e crescer de forma sustentável, além de reunir as competências necessárias, tangíveis e intangíveis, que garantirão novos investimentos para o aumento da produção brasileira de etanol e de energia elétrica.
Já no médio e longo prazos, entretanto, o diferencial virá do desenvolvimento de tecnologias de ruptura.
Há anos o setor busca e obtém maiores ganhos de produtividade nas áreas agrícola e industrial, mas pouco tem sido feito no desenvolvimento de novos produtos e de novas aplicações.
Processos químicos e bioquímicos inovadores permitirão o desenvolvimento de moléculas mais complexas e de maior valor agregado, de forma cada vez mais competitiva, garantindo novas aplicações em diversos setores produtivos.
Outro importante foco deve ser a busca constante por variedades de cana-de-açúcar com performances cada vez mais elevadas.
Os programas de melhoramento das variedades de cana-de-açúcar do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa), por exemplo, utilizam modernas técnicas para obter variedades mais resistentes a pragas e a doenças, além de maior produtividade agrícola.
A intensificação de parcerias entre empresas, pesquisadores e institutos gerará maior estabilidade e rendimento nas operações agrícolas e industriais. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, no entanto, ainda são heterogêneos no país.
É essencial que o processo de inovação seja integrado à reflexão estratégica do setor bioenergético e que as empresas destinem recursos e energia para alavancar seu potencial de criação de valor.
Em março, a boa notícia foi o anúncio, feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep): o Paiss (Programa de Apoio à Inovação dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico).
Essa iniciativa visa o desenvolvimento, a produção e a comercialização de novas tecnologias para a biomassa, com investimento de R$ 1 bilhão até 2014.
O desafio é fazer com que os recursos de fomento à inovação cheguem, de fato, às mãos das empresas e que todos -governo, iniciativa privada e instituições de pesquisa- trabalhem juntos em tecnologia e em gestão empresarial para que o setor de bioenergia do Brasil se transforme por meio da inovação.

JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia.


Texto Anterior: Agronegócio: Projeto quer acabar com subsídio dos EUA ao etanol
Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Café cai em Nova York, mas receitas com exportação sobem para US$ 6,7 bi
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.