São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2010

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MERCADO ABERTO

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Diplomata questiona adesão ao livre comércio

O diplomata brasileiro Victor do Prado, chefe de gabinete-adjunto do diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, questionou ontem a "real utilidade" dos tratados regionais de livre comércio (TLCs) que vêm se multiplicando nos últimos anos.
"Sempre dá boa foto [acordo de livre comércio], mas saber se vai ser utilizado na prática é outra história."
Prado cita estudo de 2009 do Banco de Desenvolvimento da Ásia que mostra que só 22% das 609 empresas pesquisadas na região usam as preferências tarifárias estabelecidas nos acordos.
"Quando vejo que o Mercosul fez acordo com o Egito, pergunto-me quem vai usar essas preferências."
Acordos são pouco eficazes porque, com exceção da proteção à agricultura, as principais barreiras às importações nos países desenvolvidos atualmente são não tarifárias e não estão incluídas nos TLCs.
"É uma miríade de regras sanitárias e fitossanitárias, uma variedade de regimes de regras de origem, e ainda existe o custo administrativo de usar as preferências."
Há 350 TLCs registrados na OMC -e não mais de mil, dado citado no Brasil, onde a conveniência de buscar acordos bilaterais é tema da campanha eleitoral.
Ele sublinhou que nenhum dos 350 tratados é entre dois países ou blocos de grande dimensão e economia diversificada, como o Brasil. "Não há acordo entre China e EUA e o que a Índia negocia com a União Europeia exclui a agricultura."

"Os políticos gostam mais de acordos de livre comércio do que os empresários"

"Quando vou à Fiesp não me falam de medo da importação dos EUA, mas da China"

VICTOR DO PRADO
da OMC (Organização Mundial do Comércio)

"Não se trata de engordar o porco para vender", diz Luciani

A TIM já anunciou, ao divulgar resultados do segundo trimestre, que vai lançar uma nova estratégia para atrair os usuários de lan-houses para o celular. Faltava precisar quando.
"Vai ser em setembro", afirma Luca Luciani, presidente da empresa no Brasil, há 18 meses no Rio.
"Vamos oferecer internet móvel, na forma do pré-pago. As classes C e D que frequentam lan-houses gastam em média R$ 2 a hora", afirma Luciani.
Detalhes do plano, que vai absorver a maior parte do investimento de R$ 1,5 bilhão previsto para este ano, é segredo. Mas o caminho deve ser semelhante ao que já ocorreu no mercado de telefonia fixa, quando a móvel conquistou espaço pelo barateamento do preço, conforme Luciani.
Por trás da nova estratégia para aumentar o número de clientes, estaria a intenção de vender a TIM? Ao responder, Luciani mostra o relatório de resultados globais da companhia para comprovar que o único país que apresenta crescimento é o Brasil. "Não se trata de engordar o porco para vender. Vamos para a classe C porque isso cria valor."

Frentista O etanol fechou julho 3% mais caro para o consumidor paulistano, segundo o Ticket Car. O preço médio do combustível foi de R$ 1,37 e ainda é a melhor opção para quem tem carro flex. Na gasolina, o valor médio está cotado a R$ 2,46, 0,10% mais caro que em junho. Os demais combustíveis ficaram estáveis.

Mapa No resto do país, julho foi atípico e teve estabilidade no preço de combustíveis, segundo o Ticket Car. Com vantagem em 14 Estados, o etanol recuou 1,65% e teve preço médio por litro de R$ 1,85. A gasolina, mais indicada no Distrito Federal e em mais dez locais, subiu 0,06%, com valor médio de R$ 2,70.

De ônibus... A NTU (associação de empresas de transportes urbanos) quer multiplicar os sistemas BRT (Bus Rapid Transit) nas cidades que irão sediar a Copa de 2014. O custo do modelo é de 10 a 20 vezes mais barato que o metrô. Está prevista a instalação de 20 sistemas para o evento, com financiamento do PAC.

...na Copa Criado em Curitiba, em 1974, o BRT é um sistema de ônibus que circula por canaletas exclusivas com múltiplas posições de paradas nas estações e veículo articulado. A solução já opera em mais de 80 cidades em todo o mundo. O tema será debatido no 23º Seminário Nacional NTU, em Brasília, neste mês.

FERMENTO NO PÃO DE QUEIJO

A rede Rei do Mate irá abrir 20 lojas no país até o final deste ano. A maioria delas será nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, além de uma em Salvador. Ao todo, a empresa irá fechar o ano com 310 lojas, distribuídas em 16 Estados do país.
"O ritmo de abertura de lojas será maior neste ano. Vamos fechar acima da média anual, de 25 unidades", afirma Antonio Carlos Nasraui, sócio da rede.
Os investimentos dos franqueados nos novos pontos de venda somam R$ 6 milhões.
No Rio de Janeiro, a empresa está presente em todos os shoppings da cidade e, por isso, procura pontos de venda alternativos.
"Estamos com duas lojas flutuantes nas barcas que fazem o percurso Rio-Niterói e procuramos pontos em hospitais, clubes e faculdades."
A expansão da rede está sendo impulsionada pela procura maior dos consumidores por alimentos e bebidas mais saudáveis, segundo Nasraui.
A projeção da empresa é fechar o ano com faturamento de R$ 130 milhões, um crescimento de 30%.

HABITAÇÃO

O mercado de imóveis novos residenciais na região metropolitana de São Paulo registrou redução de 46,3% nas vendas de maio, com a comercialização de 4.149 unidades, segundo pesquisa que o Secovi-SP divulga hoje.
A queda se refletiu também no indicador de desempenho de comercialização, o VSO (Vendas sobre Oferta). Em maio, o VSO foi de 15,7%, ante 26,2% em abril.
A tendência observada pela pesquisa foi seguida na cidade de São Paulo, onde o ritmo do VSO caiu para 16,7%, ante 25,3% no mês anterior, e as vendas atingiram 1.949 unidades, queda de 39,8% no mês.
Em maio, a capital participou com 47% no total vendido na região metropolitana. Em número de dormitórios por unidade, o destaque foi o segmento de dois quartos, com 1.657 moradias vendidas, 39,9% do total.

Embrapa inicia projeto para controle de saúde animal

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) organiza uma rede de sanidade animal no Brasil, que irá pesquisar especialmente controle de epidemias e segurança alimentar.
O objetivo é fortalecer o setor produtivo brasileiro, em especial no mercado externo, evitando a imposição de barreiras sanitárias, segundo Janice Zanella, pesquisadora responsável pela rede.
O projeto irá unificar as pesquisas feitas no país e aumentará a troca de informações entre laboratórios de diferentes regiões. A rede conta com o apoio do Serviço de Pesquisa Agropecuária dos EUA, parceiro da Embrapa.
"Vamos trabalhar com doenças emergentes que ofereçam risco à população humana", diz Zanella.
As missões internacionais estão cada vez mais preocupadas com a origem das carnes, segundo a pesquisadora. "A produção de forma intensiva realizada hoje, com o confinamento dos animais, é propícia para a proliferação de doenças", diz.
Estudos da Usaid (agência norte-americana para o desenvolvimento) revelam que 75% das doenças da humanidade nas próximas décadas serão de origem animal.


com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, FLÁVIA MARCONDES e CLAUDIA ANTUNES


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