São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2010

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Duelo do sol eterno

Conheça detalhes da disputa judicial entre Rodolfo Landim, ex-executivo do grupo EBX, que diz ter direito a um patrimônio de R$ 670 milhões de Eike Batista

VERENA FORNETTI
DO RIO

Como o rei Arthur, Eike Batista consagra seus cavaleiros. Em carta escrita em 2006 ao executivo Rodolfo Landim, que trabalhou para o empresário por quatro anos, Eike o convida a ser o seu "cavaleiro da távola do sol eterno".
E diz que, em vez de espada, promete dar 1% de participação na holding EBX.
"Gostaria de convidá-lo a fazer parte da minha holding; como cavaleiro da "távola do sol eterno", fiel guerreiro e escudeiro, um grande amigo! Ao invés de uma bela espada, você receberá 1% da holding mais 0,5% das minhas ações da MMX", diz.
A carta, ou bilhete, ensejou uma ação judicial contra o empresário na 4ª Vara Empresarial do Rio, iniciada na semana passada por Landim. A cópia do manuscrito está no processo.
Sergio Bermudes, advogado de Eike, reconhece a existência do manuscrito, mas afirma que ele não tem nenhum valor jurídico.
Landim, que ocupou a presidência e participou do conselho de empresas do grupo, alega dissolução da sociedade proposta na carta. Segundo Landim, ela foi escrita quando conversavam lado a lado na primeira classe de voo que os trouxe do Reino Unido ao Brasil.
O executivo, que é colunista da Folha, deixou o grupo de Eike em abril deste ano, após meses de desentendimentos. Segundo ele, Eike decidiu, unilateralmente, afastá-lo. Já o empresário afirmou na época que Landim saíra porque o contrato de quatro anos tinha se encerrado, e que os bônus e ações - no valor de R$ 210 milhões- eram generosos.
Landim pressiona desde então o empresário para que ele transfira as ações.
Na ação que Landim move contra Eike, o advogado Sergio Tostes diz que o empresário só conseguiu erguer o império que tem hoje com a entrada no setor de petróleo e gás, o que ocorreu após o contrato de prestação de serviços assinado entre os dois.
O representante afirma que os negócios de Eike no segmento só prosperaram graças ao conhecimento do executivo, que trabalhou por 26 anos na Petrobras.
"O réu ficou fascinado com informações que até então desconhecia", escreve Tostes, na petição apresentada à Justiça, sobre o conhecimento de Landim em relação aos percentuais de acerto geológico em áreas marítimas para a exploração de petróleo da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

AÇÃO MILIONÁRIA
Na ação judicial, Tostes afirma que o valor atual de mercado das cinco empresas de Eike Batista que compõem o grupo EBX é de R$ 67 bilhões.
Portanto, 1% no grupo equivaleria a cerca de R$ 670 milhões -quase oito vezes o valor do último sorteio da Mega-Sena da Caixa Econômica Federal, realizado no sábado.
Além da fatia no grupo, Landim pede reparação por dano material pelo que deixou de ganhar desde 2006.


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