São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2010

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Clínica de Finanças ensina como se organizar

Serviço gratuito ajuda a controlar gastos, poupar e investir melhor

Primeira medida para pagar dívidas e planejar compras é fazer um diagnóstico financeiro, explica economista

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Como saio das dívidas? É melhor comprar um imóvel com minhas economias ou pegar um empréstimo? Como financio um carro ou uma casa? Onde aplico meu dinheiro? Estou investido corretamente?
Essas são as principais dúvidas de quem procura a Clínica Financeira, que já atendeu gratuitamente 2.000 pessoas desde 2002, em doze Estados.
E a resposta para todas começa no mesmo ponto, como ensina o economista Fabiano Calil, criador do projeto.
"O primeiro passo é fazer um diagnóstico financeiro, e 95% dos que procuram a Clínica nunca fizeram um."
Segundo Calil, o diagnóstico consiste em identificar qual é sua receita, seus gastos, suas dívidas, seu patrimônio e seus desejos.
Com essas informações, é possível começar a organizar as finanças, definindo onde reduzir despesas e como concretizar as intenções de consumo.

DÍVIDAS
Metade das pessoas atendidas pela Clínica tem 50% da sua renda comprometida com dívidas. Para fugir dessa armadilha, Calil aconselha evitar empréstimos muito longos, que implicam juros maiores, e economizar para comprar à vista ou dar uma entrada maior.
Isso não significa, porém, que seja correto gastar toda a poupança para não contrair dívidas.
"Muitos que chegam a nós têm dívidas e investimentos. Não está necessariamente errado. É importante ter uma reserva para situação de imprevisto", orienta.
A gerente comercial Angela Cristina da Silva, 40, aprendeu no ano passado, na Clínica, que deveria separar entre 10% e 20% da sua renda para investimentos.
Segundo Calil, quem poupa menos de 10% provavelmente se tornará um idoso dependente dos filhos financeiramente. O erro mais comum, afirma, é a concentração dos investimentos num mesmo tipo de ativos, como ações ou imóveis.
Depois do atendimento, Silva decidiu mudar sua estratégia. Deixou de investir em um fundo de private equity (de participação em empresas) que lhe rendeu prejuízos e passou a aplicar em títulos de renda fixa como CDBs (Certificados de Depósito Bancário).
Comprou também um terreno no interior de Minas Gerais, com intuito de revendê-lo após sua valorização.
"Tenho um filho pequeno e isso me fez adotar uma postura mais conservadora."

DISCIPLINA
Na Clínica, Silva contou que é muito disciplinada no pagamento de contas. Foi aconselhada então a usar mais o cartão de crédito e potencializar os ganhos dos programas de benefício.
Cancelando 2 dos 4 que tinha, reduziu os custos com tarifas e aumentou o ganho de milhas aéreas. Com elas, emitiu passagens para viajar este mês a Fortaleza.
A disciplina também ajuda no controle financeiro. Silva passou a registrar toda noite suas despesas num caderno. Mensalmente, ela lança as informações numa planilha. Depois disso, conseguiu padronizar seus gastos.
"Minhas despesas variavam muito. Agora, gasto cerca de R$ 5.000 por mês".
Calil desaconselha, no entanto, anotar todas as compras. O mais importante é ter ciência dos gastos principais. Habitação, dívidas e alimentação comprometem a maior parte da renda dos brasileiros. Gastos com lazer ficam por último.
"Não adianta se trancar em casa, economizar no sabonete, anotar que comprou um chiclete. Isso torna o controle financeiro muito chato. Vira um desestímulo", diz.


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