São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011

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Produto nacional ganha espaço no mercado erótico

Participação dos brasileiros sobe de 20% em 2004 para 45% em 2010

Fabricantes apostaram em linha de produtos mais "leves", com apelo mais sensual; cosmético lidera os negócios

Fotos Eduardo Knapp/Folhapress
Algema de pelúcia comercializada em loja de Moema

GABRIEL BALDOCCHI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto setores tradicionais da indústria nacional sofrem com a invasão de produtos estrangeiros, fabricantes brasileiros de mercadorias eróticas roubam espaço dos importados.
A participação dos nacionais cresceu de 20% em 2004 para 45% em 2010, segundo a Abeme (Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual), que inaugura hoje a maior feira do setor na América Latina.
"Eu acredito que, de uns três anos para cá, [a indústria] começou a compreender melhor o público consumidor do país. Até então, tudo era importado e a gente estava importando também perfil de consumo", acredita a presidente da associação, Paula Aguiar.
Os fabricantes apostaram em produtos com apelo mais sensual e menos erótico. Hoje, eles usam o termo "light" para justificar a preferência, principalmente entre as mulheres, e para embasar o crescimento dos negócios.
Seguir por uma linha mais leve parece ter funcionado. Cosméticos eróticos (como gel lubrificante) de funções variadas são o carro-chefe. São produtos populares que custam de R$ 5 a R$ 15. Lingeries sensuais, fantasias e próteses vêm em seguida.
"O produto sensual chega aonde o erótico não chegaria", diz Pedro Cesar, da Chillies Pink. Segundo Cesar, eles também servem de ingresso para as linhas mais eróticas.
O mercado adulto movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano no país, cifra que inclui filmes e serviços, como casas de suingue e profissionais do ramo.
Nos acessórios, a venda de cosméticos -60 milhões de unidades por ano- é a referência do mercado.
Nos EUA, considerado o maior mercado, a cifra é de US$ 12 bilhões, ou R$ 19,3 bilhões (inclui filmes e serviços), valor que a Free Speech Coalition (associação do setor) considera elevado.

DISTRIBUIÇÃO
Os nacionais ganharam fôlego ao inovar na distribuição. Com espaços temáticos em lojas de lingerie, abriram um mercado importante.
A estratégia deu tão certo que se estendeu a um mercado ainda maior, as vendedoras de porta em porta.
Elas utilizam catálogos com produtos, desde cosméticos até vibradores.
As 40 mil consultoras -dado da Abeme- representam um dos principais meios para dar fluxo às mercadorias hoje. Trabalham basicamente com produtos nacionais, os mais baratos, e popularizam o consumo.
Dona de uma distribuidora em Itaituba (PA), Maria Peres conta que suas consultoras fazem os pedidos por rádio e chegam a enfrentar quase um dia inteiro de viagem para retirar os produtos. A mercadoria é levada principalmente a vilarejos de garimpo do Estado, diz.
A Hotlwers, uma das maiores indústrias nacionais, atribui o crescimento médio de 30% anual ao investimento em pesquisa e criação.
A indústria produz cerca de 600 mil próteses por ano, exporta para países do Mercosul e negocia com compradores europeus.
Importadores e varejistas afirmam que os estrangeiros, mesmo os mais caros (vibradores chegam a R$ 1.000), oferecem tecnologia indisponível nos nacionais.
Apesar disso, lojas que davam prioridade aos importados cederam espaço aos produtos brasileiros. É o caso da Loja do Prazer, uma das maiores do e-commerce, onde os nacionais já representam 50% -não chegavam a 20% há oito anos.


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