São Paulo, sábado, 07 de maio de 2011

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CRÍTICA TECNOLOGIA

Livro revela submundo dos cartões de crédito clonados

Ex-hacker conta como esquema vendia dados de clientes por até US$ 10 nos EUA

PAULA LEITE
EDITORA-ASSISTENTE DE MERCADO

Um mundo novo e assustador para quem usa cartão de crédito é revelado no livro de Kevin Poulsen, ex-hacker e atual editor da Wired.com.
Nesse mundo, uma inocente compra em uma pizzaria ou loja de roupas nos Estados Unidos pode resultar nos dados do seu cartão de crédito vendidos por US$ 10 em um site de criminosos.
"Kingpin - How One Hacker Took Over the Billion-Dollar Cybercrime Underground" ("Chefão - Como um Hacker Dominou o Submundo Bilionário do Cybercrime", em tradução livre) conta a história do hacker nascido Max Butler, que depois alterou legalmente seu nome para Max Ray Vision.
Max tentou por várias vezes usar seus talentos para o bem, mas seu maior sucesso veio ao entrar no mundo dos "carders", hackers que vivem de roubar e revender dados de cartão de crédito.
Max foi responsável por alguns grandes vazamentos de dados de cartão de crédito e dados pessoais nos Estados Unidos até 2007, quando foi preso; em 2009, ele foi condenado a 13 anos de prisão.
Mas hackers como ele continuam na ativa: nas últimas semanas, a Sony revelou que duas invasões podem ter exposto os dados pessoais de mais de 100 milhões de clientes a hackers.
O livro de Poulsen mostra que existe um ecossistema que cerca esses hackers. Roubar dados é só o começo: depois é preciso clonar e usar o cartão para ter lucro.
Aí vêm o vendedor de plástico para cartões, o vendedor da máquina que imprime a fita magnética do cartão, as mocinhas que usam os cartões clonados para comprar bolsas de grife e o criminoso que vende essas bolsas pela metade do preço no eBay.
Todos esses ladrões se encontram em fóruns na internet, dedicados ao mundo "carder". Max, ambicioso, derrubou dois fóruns do tipo, roubou suas bases de clientes e fundou um fórum com os clientes roubados.

SIMPATIA PELO DIABO
A história de Max e do agente do FBI Keith Mularski, que se infiltrou no submundo e comandou a operação que prendeu Max e outras 55 pessoas, é fascinante. No entanto, há trechos do livro que correm o risco de fascinar somente os nerds, como a descrição razoavelmente detalhada de como um hacker pode apagar uma base de dados SQL.
O principal problema do livro, no entanto, é a malcontida simpatia do autor por Max. Por vezes, Poulsen parece perder de vista que, por mais genial que fosse Max como hacker, não há palavra que melhor o descreva do que "criminoso".

KINGPIN [CHEFÃO]

AUTOR Kevin Poulsen
EDITORA Crown
QUANTO US$ 25 (R$ 40; 288 págs.)
AVALIAÇÃO Bom


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