São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2010

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Desocupação é mais alta para a baixa renda

DE WASHINGTON

Se preocupa economistas, a taxa de 9,5% de desemprego nos EUA parece piada de mau gosto em vários encraves de baixa renda do país. Um deles fica no distrito 8, na região sudeste de Washington, onde o índice oficial ultrapassa 30%.
"Meu último trabalho foi em um depósito que faliu em fevereiro de 2009", disse Sjokiea Stewart, 24, moradora da área. "Não acho vaga nem no McDonald's."
Mãe de duas filhas, Sjokiea conversou com a Folha no centro de treinamento e educação gratuito para desempregados Arch, onde tenta tirar o diploma de segundo grau para ter mais chances de recolocação.
Ali, ela começa a manhã com cerca de cem colegas repetindo mantras como "hoje é um novo dia" -uma tentativa de reverter a moral baixa e a falta de esperança.
Esse desânimo era visível na fala de Daivon Addison, 21, que está prestes a começar um curso de construção civil no Arch. "Procuro trabalho todos os dias. Saio nas ruas e vejo os negócios fechados. E quem ainda está aberto pode vir a fechar." Tal como Sjokiea, ele não completou o segundo grau.
O Arch costumava atender em geral pessoas como eles: pouco qualificadas, que em geral não terminaram a escola. Mas, segundo o cofundador Duane Gautier, o perfil vem mudando.
"Dos 650 clientes, boa parte é de desempregados que estão tentando aprender outra profissão para voltar ao mercado. Para cada um que aceitamos, há três ou quatro para os quais não temos vagas." A maior parte é de negros (cujo índice de desemprego fica acima da média nacional, em 15,6%), mas Gautier diz que a questão "não é raça, é classe".
Segundo ele, houve movimentos de revitalização econômica em Washington, mas os investimentos foram para áreas de renda média e alta: "As áreas que continuam abandonadas são de renda mais baixa e majoritariamente negras". Famílias do distrito 8 têm renda 33% mais baixa que a média de Washington.
O centro também tem uma agência de empregos, mas esta cada vez mais fica às moscas: "Costumávamos arranjar trabalho para 65% a 80% dos nossos estudantes, mas agora a taxa não chega nem à metade".
Por causa da recessão, o Arch tenta se reinventar para oferecer profissionais mais demandados. Transferiu vários dos cursos em construção civil para as chamadas profissões "verdes", como instalação de sistemas de aquecimento solar. Para Sjokiea, faz todo o sentido. Indagada sobre em que gostaria de se formar, respondeu: "Algo que tenha demanda". (AM)


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