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Desocupação é mais alta para
a baixa renda
DE WASHINGTON
Se preocupa economistas, a taxa de 9,5% de desemprego nos EUA parece
piada de mau gosto em vários encraves de baixa renda do país. Um deles fica no
distrito 8, na região sudeste
de Washington, onde o índice oficial ultrapassa 30%.
"Meu último trabalho foi
em um depósito que faliu
em fevereiro de 2009", disse
Sjokiea Stewart, 24, moradora da área. "Não acho vaga nem no McDonald's."
Mãe de duas filhas, Sjokiea conversou com a Folha
no centro de treinamento e
educação gratuito para desempregados Arch, onde
tenta tirar o diploma de segundo grau para ter mais
chances de recolocação.
Ali, ela começa a manhã
com cerca de cem colegas
repetindo mantras como
"hoje é um novo dia" -uma
tentativa de reverter a moral
baixa e a falta de esperança.
Esse desânimo era visível
na fala de Daivon Addison,
21, que está prestes a começar um curso de construção
civil no Arch. "Procuro trabalho todos os dias. Saio
nas ruas e vejo os negócios
fechados. E quem ainda está aberto pode vir a fechar."
Tal como Sjokiea, ele não
completou o segundo grau.
O Arch costumava atender em geral pessoas como
eles: pouco qualificadas,
que em geral não terminaram a escola. Mas, segundo
o cofundador Duane Gautier, o perfil vem mudando.
"Dos 650 clientes, boa
parte é de desempregados
que estão tentando aprender outra profissão para voltar ao mercado. Para cada
um que aceitamos, há três
ou quatro para os quais não
temos vagas." A maior parte
é de negros (cujo índice de
desemprego fica acima da
média nacional, em 15,6%),
mas Gautier diz que a questão "não é raça, é classe".
Segundo ele, houve movimentos de revitalização
econômica em Washington, mas os investimentos
foram para áreas de renda
média e alta: "As áreas que
continuam abandonadas
são de renda mais baixa e
majoritariamente negras".
Famílias do distrito 8 têm
renda 33% mais baixa que a
média de Washington.
O centro também tem
uma agência de empregos,
mas esta cada vez mais fica
às moscas: "Costumávamos
arranjar trabalho para 65%
a 80% dos nossos estudantes, mas agora a taxa não
chega nem à metade".
Por causa da recessão, o
Arch tenta se reinventar para oferecer profissionais
mais demandados. Transferiu vários dos cursos em
construção civil para as
chamadas profissões "verdes", como instalação de
sistemas de aquecimento
solar. Para Sjokiea, faz todo
o sentido. Indagada sobre
em que gostaria de se formar, respondeu: "Algo que
tenha demanda".
(AM)
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