São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ANÁLISE Momento pede reversão no rumo das políticas Três anos depois da crise de 2008, o que salvou a economia mundial parece agora levá-la a um novo impasse O BRASIL UMA VEZ MAIS NÃO ESTÁ NO EPICENTRO DA CRISE, MAS TAMBÉM NÃO ESTÁ IMUNE. O DESAFIO É CRESCER SEM BONS VENTOS VINDOS DE FORA MARCELO L. MOURA ESPECIAL PARA A FOLHA A queda acentuada das Bolsas em todo o mundo, na semana passada, trouxe a todos a lembrança do cenário da crise hipotecária de 2008. A fonte daquela crise foi o setor privado, em particular o uso indiscriminado do crédito para financiamento de hipotecas empacotadas como ativos de risco zero, avaliação AAA. O resgate veio na forma de aumento de gastos públicos, redução de impostos, queda de juros e, até mesmo, impressão de moeda. Aparentemente, deu certo: as Bolsas em todo o mundo reagiram, as principais economias do mundo saíram da recessão. Passados menos de três anos, o que salvou a economia mundial parece agora levá-la para uma nova crise. Neste momento, se faz necessária uma reversão no rumo das políticas de gastos públicos ostensivos conjuntamente com o aumento de impostos. Assim como uma política expansionista estimulou a produção, claramente, uma política contrária levará ao desaquecimento de uma economia mundial ainda enfraquecida. O Brasil uma vez mais não está no epicentro da crise, mas também não está imune. Uma queda do comércio mundial e do preço das commodities nos afeta negativamente. É provável que nosso governo adote o que deu certo em 2009 e 2010. Esse estímulo deve vir na forma de uma interrupção da alta das taxas de juros e isenções de impostos. No entanto, comparado com o cenário que vivemos em 2008/2009, não há tanto espaço para manobra. Nossa taxa de inflação já está acima da meta e o nosso endividamento, embora não seja explosivo, é relativamente alto para uma economia emergente. O grande desafio para os países desenvolvidos é equacionar o controle da dívida sem exagerar na dose que levaria suas economias para uma recessão. Para o Brasil, o desafio é crescer sem o auxílio de bons ventos vindos lá de fora. MARCELO L. MOURA é professor associado do Insper e Ph.D. em economia pela Universidade de Chicago. Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Vinicius Torres Freire: EUA tiram nota baixa; e o Brasil? Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |