São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011

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Total de empréstimos do BNDES cai pela primeira vez em 8 anos

Banco estatal espera fechar 2011 com queda de 13% nos financiamentos em relação a 2010

Desde 2003, instituição cresceu 380%, subindo de uma média anual de R$ 35 bi para R$ 168 bi liberados em 2010


LEILA COIMBRA
DO RIO

Pela primeira vez em oito anos o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) encolherá o volume de empréstimos. A expectativa do banco é que em 2011 os financiamentos somem R$ 146 bilhões, recuo de 13% em relação a 2010.
Os desembolsos caíram 5% nos primeiros sete meses do ano. As consultas, que representam pedidos futuros de financiamento, tiveram queda de 23%. As aprovações de empréstimos recuaram 17%.
Desde 2003, o BNDES cresceu 380%, subindo de uma média anual de empréstimos de R$ 35 bilhões para R$ 168 bilhões liberados em 2010. "A tendência é de estabilização da curva, sem grandes saltos", diz Gabriel Visconti, chefe do departamento de orçamento do BNDES.
Uma das explicações para a queda, de acordo com analistas, é o desaquecimento da economia mundial.
Em 2008, quando também houve uma crise internacional, a instituição teve papel diferente: expandiu operações de crédito e foi relevante para a retomada do crescimento. E criou programas especiais com taxas menores, como o PSI (Programa de Sustentação do Investimento).

CENÁRIO DIFERENTE
Eduardo Coutinho, professor do Ibmec, diz que os problemas da economia brasileira em 2011 são diferentes.
Um dos maiores desafios é a inflação. O recuo nos empréstimos visa o combate à demanda aquecida e seu efeito sobre os preços.
Para o banco, o desempenho dos indicadores reflete a antecipação de investimentos ocorrida no ano passado, que gerou grande demanda pelo PSI, com taxas de juros abaixo das do mercado.
"A indústria se antecipou, já que o programa com taxas mais baixas tinha prazo para acabar", afirma Visconti.
A base de comparação com 2011 ficou elevada, segundo ele. Com o lançamento do Plano Brasil Maior, no início deste mês, a vigência do PSI foi ampliada até o fim de 2012.
Segundo o banco, a expectativa é de estabilidade nos desembolsos neste ano, apesar da queda nos primeiros sete meses. Os desembolsos deverão atingir, em 2011, cerca de R$ 146 bilhões, o que dá o mesmo patamar de 2010 -excluindo a operação de capitalização da Petrobras, de R$ 24,8 bilhões, feita em setembro de 2010. Nos 12 meses encerrados em julho, o banco liberou R$ 140,2 bilhões.
A área de infraestrutura foi a que mais demandou recursos. Os desembolsos alcançaram R$ 28,8 bilhões de janeiro a julho -o setor respondeu por 42% do total liberado.
A indústria, com R$ 22 bilhões, teve participação de 32% nas liberações gerais do banco. Os desembolsos para a agropecuária somaram R$ 5,7 bilhões. Ao setor de comércio e serviços foram destinados R$ 12,7 bilhões.
O conjunto das micro, pequenas e médias empresas manteve o desempenho desde o início do ano. O BNDES liberou R$ 27,6 bilhões até julho, ou 40% do total.


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