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Contra valorização do real, Tesouro adianta compra de US$ 11 bilhões
Governo permite compra para saldar dívidas que vencem até 2014 para controlar excesso de dólar
Dólar segue abaixo de R$ 1,70; entrada de capitais externos não se reduziu após a oferta de ações da Petrobras
MÁRIO SÉRGIO LIMA
NEY HAYASHI DA CRUZ
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
Numa nova tentativa de
conter a valorização do real,
o governo ampliou o volume
de dólares que o Tesouro Nacional pode comprar antecipadamente para o pagamento da dívida externa. O Tesouro poderá adquirir até
US$ 10,7 bilhões em moeda
estrangeira para saldar a dívida que vence até 2014.
A regra anterior permitia a
compra de dólares para pagar a dívida que vence nos
próximos dois anos. Esse
prazo foi ampliado e, agora,
o Tesouro poderá comprar a
moeda norte-americana para
quitar compromissos que
vencem em quatro anos.
O estoque total da dívida
externa brasileira está, segundo último relatório do Tesouro, de agosto, em aproximadamente US$ 56 bilhões
(R$ 93,5 bilhões).
O prazo foi ampliado, segundo o governo, porque o
Tesouro já tem a maioria dos
dólares necessários para quitar a dívida que vence até
2012. Mas não revela quanto
tem em caixa para vencimentos nos próximos dois anos.
Embora o Tesouro tenha
se negado a comentar a ligação da medida com os esforços do governo para evitar a
valorização excessiva do
real, a antecipação das compras de dólares poderá ajudar a mitigar os efeitos da entrada da moeda no país.
"A medida foi tomada porque julgou-se adequado acelerar ainda mais as compras
de dólares pelo Tesouro",
afirmou o chefe da assessoria
econômica do órgão, Jeferson Bittencourt.
Nesta segunda-feira, o Ministério da Fazenda elevou
de 2% para 4% a alíquota do
IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incidente
nos investimentos estrangeiros em renda fixa no país.
Mesmo com a medida, o
fortalecimento do real ante o
dólar ainda não foi totalmente evitado. Ontem, a moeda
norte-americana comercial
encerrou em alta de 0,42%
no mercado interbancário de
câmbio, cotada a R$ 1,682.
Contudo, o dólar segue
abaixo do nível de R$ 1,70,
acendendo o alerta no governo, especialmente após o
movimento de entrada de capitais externos não ter reduzido depois da capitalização
da Petrobras.
Essa operação contribuiu
para a maior entrada de dólares por meio das operações financeiras na série histórica
do BC, iniciada em 1982, que
ficou em US$ 16,7 bilhões. O
recorde anterior foi em outubro de 2009, quando entraram US$ 13,1 bilhões. Na época, o resultado foi influenciado pela oferta de ações do
Santander Brasil.
O forte ingresso de dólares
levou o BC a comprar US$
10,8 bilhões no mercado. No
ano, as compras já somam
US$ 29,3 bilhões, o dobro das
compras feitas em todo o ano
passado. Com as aquisições,
as reservas internacionais já
estão próximas do patamar
recorde de US$ 280 bilhões.
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