São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2010

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Contra valorização do real, Tesouro adianta compra de US$ 11 bilhões

Governo permite compra para saldar dívidas que vencem até 2014 para controlar excesso de dólar

Dólar segue abaixo de R$ 1,70; entrada de capitais externos não se reduziu após a oferta de ações da Petrobras

MÁRIO SÉRGIO LIMA
NEY HAYASHI DA CRUZ

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

Numa nova tentativa de conter a valorização do real, o governo ampliou o volume de dólares que o Tesouro Nacional pode comprar antecipadamente para o pagamento da dívida externa. O Tesouro poderá adquirir até US$ 10,7 bilhões em moeda estrangeira para saldar a dívida que vence até 2014.
A regra anterior permitia a compra de dólares para pagar a dívida que vence nos próximos dois anos. Esse prazo foi ampliado e, agora, o Tesouro poderá comprar a moeda norte-americana para quitar compromissos que vencem em quatro anos.
O estoque total da dívida externa brasileira está, segundo último relatório do Tesouro, de agosto, em aproximadamente US$ 56 bilhões (R$ 93,5 bilhões).
O prazo foi ampliado, segundo o governo, porque o Tesouro já tem a maioria dos dólares necessários para quitar a dívida que vence até 2012. Mas não revela quanto tem em caixa para vencimentos nos próximos dois anos.
Embora o Tesouro tenha se negado a comentar a ligação da medida com os esforços do governo para evitar a valorização excessiva do real, a antecipação das compras de dólares poderá ajudar a mitigar os efeitos da entrada da moeda no país.
"A medida foi tomada porque julgou-se adequado acelerar ainda mais as compras de dólares pelo Tesouro", afirmou o chefe da assessoria econômica do órgão, Jeferson Bittencourt.
Nesta segunda-feira, o Ministério da Fazenda elevou de 2% para 4% a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incidente nos investimentos estrangeiros em renda fixa no país.
Mesmo com a medida, o fortalecimento do real ante o dólar ainda não foi totalmente evitado. Ontem, a moeda norte-americana comercial encerrou em alta de 0,42% no mercado interbancário de câmbio, cotada a R$ 1,682.
Contudo, o dólar segue abaixo do nível de R$ 1,70, acendendo o alerta no governo, especialmente após o movimento de entrada de capitais externos não ter reduzido depois da capitalização da Petrobras.
Essa operação contribuiu para a maior entrada de dólares por meio das operações financeiras na série histórica do BC, iniciada em 1982, que ficou em US$ 16,7 bilhões. O recorde anterior foi em outubro de 2009, quando entraram US$ 13,1 bilhões. Na época, o resultado foi influenciado pela oferta de ações do Santander Brasil.
O forte ingresso de dólares levou o BC a comprar US$ 10,8 bilhões no mercado. No ano, as compras já somam US$ 29,3 bilhões, o dobro das compras feitas em todo o ano passado. Com as aquisições, as reservas internacionais já estão próximas do patamar recorde de US$ 280 bilhões.


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