São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2010

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FMI sugere controle do câmbio por meio de medidas fiscais

Relatório revisa para cima a previsão de crescimento do PIB brasileiro neste ano

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

O FMI afirmou ontem que o Brasil e a América Latina precisam adotar novas medidas para lidar com o câmbio diante do intenso fluxo de capitais externos, usando não só políticas monetárias, mas principalmente exercitando instrumentos fiscais.
A sugestão está no "World Economic Outlook" (Panorama da Economia Mundial), relatório divulgado às vésperas das reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI em Washington.
O texto afirma que "o aperto fiscal ajudará o Brasil a agir contra o risco de supervalorização cambial" e que, "dados os desafios do forte e persistente fluxo de capitais externos, instrumentos fiscais funcionarão melhor do que os monetários".
O Brasil elevou nesta semana impostos sobre determinados investimentos estrangeiros para evitar a valorização do real em meio ao crescimento do fluxo de capitais estrangeiros.
Olivier Blanchard, diretor econômico do FMI, declarou que há espaço para o controle de capitais que o Brasil vem tentando fazer, mas que ele é limitado à direção do fluxo, não ao seu volume.
Blanchard lembrou também que, após a crise econômica, "o reequilíbrio externo vai implicar a valorização de um grande número de moedas de países emergentes".
O Banco Mundial também reforçou a importância de a América Latina e o Brasil desafogarem políticas monetárias para agir no câmbio. Augusto de la Torre, economista-chefe do Bird para a região, disse que é preciso partir para o arrocho fiscal: "O ritmo do crescimento do gasto corrente precisa se desacelerar e ficar um pouco menor que o PIB nominal".

PROJEÇÕES
O relatório do FMI publicou também revisões das projeções de crescimento das economias mundiais. Para o Brasil, a projeção ficou em 7,5% em 2010 (aumento de 0,4 ponto percentual do estimado em julho). A previsão de crescimento global foi revisada de 4,6% para 4,8%.
O FMI estima que o PIB brasileiro sofra uma desaceleração em 2011, crescendo 4,1%. A previsão geral caiu de 4,3% em julho para 4,2%.


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