São Paulo, sábado, 08 de janeiro de 2011

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Apoio de Pequim à Europa beneficia a China

Esforço do país asiático busca manter negócios com seu maior parceiro comercial

LIZ ALDERMAN
DO "NEW YORK TIMES", EM PARIS

Qual é o objetivo da ofensiva diplomática chinesa na Europa? O apoio cada vez mais declarado dos chineses parece ter por objetivo conter os prejuízos nos crescentes investimentos financeiros do país na Europa.
Um agravamento da crise europeia também seria prejudicial para os negócios porque a União Europeia ultrapassou os Estados Unidos como maior parceiro comercial e adquire um quarto dos bens industrializados fabricados na China.
Nesta semana, uma delegação comandada pelo vice-premiê da China, Li Keqiang, está reforçando essa mensagem em visitas a Espanha, Alemanha e Reino Unido.
Li, que deve se tornar o próximo primeiro-ministro da China, vem prometendo adquirir bilhões de euros em títulos de dívida e assinar contratos comerciais também bilionários.
"Se você tem uma economia centrada na exportação e a União Europeia é o seu principal mercado, é de seu interesse estabilizar a situação econômica", disse Ken Wattret, principal economista do BNP Paribas para a zona do euro.
Tendo fracassado em suas tentativas de tirar a Europa do buraco e em aquietar os temores de que a crise se agravará, os europeus recebem com agrado a assistência prometida por Li.

RESERVAS
A China, por outro lado, está tentando diversificar parte de sua reserva cambial de US$ 2,7 trilhões, abandonando os títulos do Tesouro norte-americano e adotando investimentos como os títulos de dívida em euros.
O país poderia se beneficiar consideravelmente caso suas promessas de apoio ajudassem países como Grécia e Portugal a evitar uma reestruturação de suas dívidas.
Anúncios de apoio dificultam as apostas de investidores contra o euro e ajudam a sustentar a cotação da moeda, que caiu 10% em relação ao dólar no ano passado. A desvalorização favorece a exportação alemã, forte concorrente das chinesas.
Os analistas dizem que a estratégia de apoio à Europa oferece outro benefício. Li já assinou 5,6 bilhões em mais de 12 acordos comerciais com os espanhóis.
Em encontro com a chanceler alemã Angela Merkel ontem, Li convocou o parceiro a um esforço conjunto para aumentar o fluxo de comércio bilateral e prometeu mais abertura aos investimentos alemães no país.
Na visita, o ministro de Economia e Tecnologia alemão, Rainer Brüderle, cobrou mais transparência das políticas chinesas em relação à exploração dos minerais raros.
A matéria-prima é usada em eletrônicos de alta tecnologia e a limitação das exportações chinesas afetam fortemente as cotações globais, já que o país detém 90% da produção mundial.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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