São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2011

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Geithner culpa China por real valorizado

Secretário do Tesouro dos Estados Unidos quer apoio do Brasil no G20 para pressionar Pequim a valorizar o yuan

Ele negou que a política monetária americana esteja pressionando a moeda brasileira, como reclama Mantega

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Em busca de apoio do Brasil para pressionar a China a valorizar sua moeda, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, disse ontem que o regime de câmbio chinês é um dos principais motivos para a sobrevalorização do real.
Em evento com alunos da Fundação Getulio Vargas, Geithner afirmou que o real vem se valorizando porque a economia do Brasil é "promissora e atrai fluxos de capital", as taxas de juros são "relativamente altas" e outros "países emergentes mantêm suas moedas desvalorizadas", aludindo à China.
"Devemos todos estimular a flexibilização do câmbio chinês. E a flexibilização do câmbio chinês é ainda mais importante para países emergentes como o Brasil, porque vai reduzir a pressão dos fluxos de capitais que estão entrando no país."
Geithner afastou a hipótese de que a política monetária americana seja uma das causas da excessiva valorização do real.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem se queixando com o governo americano sobre os efeitos do estímulo monetário adotado pelos EUA sobre o real.
Os EUA injetaram US$ 600 bilhões na economia americana no fim do ano, o que estaria levando à valorização de moedas de países emergentes, como o real. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro reluta em pressionar abertamente a China para valorizar sua moeda -e os EUA querem uma ação conjunta com o Brasil no G20.

SEM INTERVENÇÃO
À tarde, Geithner se reuniu em Brasília durante uma hora com Mantega, com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e mais uma hora com a presidente Dilma Rousseff para discutir a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, em março.
Geithner confirmou que os EUA não apoiam a proposta da França de regular as commodities, conforme antecipou a Folha, caso ela envolva controle de preços.
Na presidência do G20, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, está propondo medidas para reduzir a especulação nos mercados de commodities, e, com isso, combater a alta mundial dos preços dos alimentos. O governo brasileiro, grande exportador de commodities, opõe-se a uma intervenção pesada.
"Queremos garantir que essa política [de regulação] vai permitir que o mercado funcione e que não vai prejudicar os interesses dos exportadores de commodities e a dinâmica da recuperação econômica. Estamos com o Brasil nessa questão."
No encontro com Dilma, a presidente disse a Geithner que as commodities não devem ser responsabilizadas pelos desequilíbrios da economia internacional. Segundo o Palácio do Planalto, Geithner concordou com Dilma.
O secretário participou de um café da manhã com empresários e economistas em São Paulo, entre eles Delfim Netto e Josué Gomes da Silva, da Coteminas.
De vários deles, ouviu a preocupação com a inflação e a queda do dólar. Geithner falou sobre a recuperação nos EUA e na Europa.


Colaboraram TONI SCIARRETTA, de São Paulo, e JULIANA ROCHA, de Brasília


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